Acessibilidade no Fasc: Libras e iniciativas de inclusão ampliam oportunidades para pessoas com deficiência aproveitarem o festival
O 40º Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc), que aconteceu no Centro Histórico da cidade entre os dias 20 e 23 de novembro, reafirmou, mais uma vez, seu compromisso com a inclusão ao garantir que todas as pessoas pudessem viver a experiência completa dos quatro dias de evento. Como destaques desta edição, o camarote da acessibilidade e o trabalho impecável das equipes de tradução e interpretação de Língua Brasileira de Sinais (Libras) garantiram diretamente a inclusão dos palcos durante os shows.
Com performances sensíveis, expressivas e combinadas com a energia de cada artista, os intérpretes de Libras mostraram como a música pode ser uma experiência que vai além do som, unindo gesto à emoção. A iniciativa, que faz parte do trabalho da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic) em parceria com a Central de Libras e o Instituto Pedagógico de Apoio à Educação do Surdo de Sergipe (Ipaese), não apenas assegurou o acesso de pessoas surdas às apresentações, mas também encantou o público, que reagiu com entusiasmo ao trabalho realizado.
Segundo Johnata Farias (Peu), intérprete de Libras, o principal objetivo desse trabalho é aproximar a comunidade surda da comunidade ouvinte. “Quando se fala de Fasc, que traz uma diversidade muito grande de artes - seja música, poesia, literatura, exposição de quadros e assim por diante -, a gente sabe que todos esses espaços requerem discursos e oratória. E uma forma de garantir que a comunidade surda esteja presente nesses momentos é por meio do nosso trabalho. Tanto aproximamos o surdo do artista, seja ele local ou de fora, quanto garantimos o direito deles de estar em ambientes como esse”.
A intérprete ainda destaca que, após anos de invisibilidade da comunidade surda por falta de acessibilidade comunicacional, a presença de profissionais de Libras nos eventos representa um avanço fundamental em dignidade e direitos. Os intérpretes trabalham sempre em dois ou mais, revezando a cada 20 minutos devido ao desgaste físico e mental da tradução. Mesmo fora do palco, a dupla segue colaborando ao repassar sinais, esclarecer termos técnicos e pesquisar rapidamente vocabulários desconhecidos, garantindo uma tradução precisa e a plena inclusão do público surdo.
“Acima de tudo, o Fasc é um festival de muita resistência artística e cultural em todas as linguagens. E ter intérpretes de Libras no evento também significa resistência, porque, como já foi dito, a comunidade surda foi apagada e infelizmente ainda é apagada em muitos momentos e espaços. O Fasc conta com intérpretes há pouquíssimo tempo, então essa presença representa uma conquista tanto para a comunidade surda quanto para nós, profissionais que também fazemos parte dessa comunidade”, completou a intérprete de Libras Gabriely Leite.
Além da atuação nos palcos, o Fasc contou com o Camarote da Acessibilidade, um espaço dedicado a proporcionar conforto, segurança e acolhimento a pessoas com deficiência (PCDs). Instalado em área estratégica dos shows, o camarote permitiu que o público PCD acompanhasse de perto os grandes nomes da programação, com visibilidade privilegiada e suporte adequado.
Uma dessas pessoas foi Alber Souza, morador de São Cristóvão, que, junto à sua esposa Nara Lúcia, afirmou ter tido uma experiência muito boa ao acompanhar os shows de Seu Jorge e João Gomes no palco João Bebe Água, na praça São Francisco. “Foi minha primeira noite no palco da acessibilidade deste ano, mas eu já vim em outros anos, então já conheço. A cada ano o espaço está melhor. O pessoal da acessibilidade está de parabéns, a prefeitura também. A programação deste ano está muito boa. A cada ano melhora, tanto a recepção de quem é da cidade quanto com quem vem de fora”, celebrou.
O Fasc
O Festival de Artes de São Cristóvão é apresentado pelo Ministério da Cultura, com realização da Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal do Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac) e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (ESCOA); Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e Governo do Brasil. O Festival conta ainda com patrocínio da CELI, Banco do Nordeste, Iguá Sergipe, Ecoparque Sergipe e CAIXA. O apoio fica por conta da SE – Sistema Engenharia, Colortex Tintas, Unir Locações e Serviços e Vitória Transportes.
Fotos: Clara Dias
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