Último dia de Fasc celebra a literatura com Hip Hop e roda de poesia
O Salão de Literatura Manoel Ferreira, realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Gina Franco durante o Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc), chegou ao fim neste domingo (23) após quatro dias de intensa circulação de público, diálogos inspiradores e trocas que reforçaram a potência da literatura no território sergipano. De 20 a 23 de novembro, o espaço se consolidou como um dos pontos mais procurados da programação, reunindo autores, leitores, artistas e coletivos que movimentaram o cenário cultural local e nacional.
O domingo de encerramento manteve as falas sobre a força transformadora da palavra, iniciando com a mesa “Literatura de Cordel e Hip Hop, manifestações distintas em diálogo”, trazendo a cordelista Izabel Nascimento e o coletivo Bruxas do Cangaço,representado por Dani Bruxa e Nina Selva, com mediação de Ísis da Penha, num encontro que ligou oralidade, ancestralidade e resistência. A conversa aproximou gerações e linguagens, mostrando como a poesia se expande para diferentes ritmos e territórios.
“Estou muito feliz em participar do Fasc, porque é um festival que atravessa as fronteiras de Sergipe, sendo um dos mais importantes do Brasil. Aqui acontecem vários diálogos entre arte, cultura, dança, performance, criação, e trazer a literatura de cordel para dialogar com outras artes, o cordel que é Patrimônio Imaterial do brasileiro, é muito simbólico e faz com que o Fasc seja também uma salvaguarda dos nossos patrimônios culturais”, ressaltou Izabel Nascimento.
Já Dani Bruxa reforçou o quanto é importante contar com espaços que prezam pela presença de mulheres na literatura nordestina e no hip-hop, fortalecendo a resistência da oralidade. “Hoje compomos tanto a mesa quanto a Roda Fasc de Poesia, trazendo um pouco da nossa poesia marginal e a força da existência das mulheres aqui no Fasc. Gratidão imensa por ter esse espaço das mulheres se fortalecendo e fazendo esses momentos importantes para a autoafirmação da nossa cultura e da nossa arte”, afirmou.
Em seguida, a Roda Fasc de Poesia transformou o espaço em um palco de celebração da linguagem. Em uma mesa com comidas e bebidas, os poetas Pedro Bomba, Débora Arruda, Bruxas do Cangaço, Izabel Nascimento, Bell Puã (PE), Gustavo Aragão, Luiza Romão (SP), Allan Jonnes e Stella Carvalho emocionaram o público com leituras potentes e performáticas.
Pedro Bomba explicou que a ideia da roda de poesia surgiu em 2017, em Aracaju, com o projeto Estados em Poesia, foi para Belo Horizonte e agora retornou para São Cristóvão, realizando a primeira Roda Fasc de Poesia. “Essa é uma celebração da oralidade, da poesia falada e da diversidade poética do estado de Sergipe. Mais do que nunca, vai ser um dia especial, porque vamos encerrar a programação do Salão de Literatura fazendo muita poesia, reunindo poetas muito importantes para a literatura sergipana”.
O público, com em todas as atividades do salão de literatura, esteve muito engajado em todas as atividades. Hannah Fernandes, por exemplo, veio de Recife-PE para curtir todos os dias de festival e se apaixonou pelas dinâmicas culturais e eventos artísticos. “Eu estou amando e é tanta coisa que a gente não consegue assistir tudo, nem acompanhar tudo, mesmo querendo estar em todos os lugares ao mesmo tempo, porque tem muita coisa incrível. Tenho certeza que retornarei ano que vem”.
Sala Mangue Jornalismo
Outro destaque desta edição foi a Sala Mangue Jornalismo, que se firmou como um ambiente de debates fundamentais sobre comunicação, memória e território, ampliando as conexões entre literatura, imprensa e produção cultural sergipana. A roda de conversa do domingo teve como tema “Jornalismo, Literatura e Palestina” e contou com recorde de público.
O encontro contou com falas do professor Geraldo Campos, especialista em Relações Internacionais, e Ahmed El Zoghbi, mestre em História, doutorando em Filosofia e tradutor de literatura palestina, além de convidados palestinos. A mediação ficou por conta de Ana Paula Rocha, aprofundado o debate sobre a relação entre comunicação, produção literária e a realidade palestina.
Finalizando a programação recheada de reflexões fundamentais como memória, antirracismo e literatura palestina, Valter Davi, integrante da Mangue Jornalismo, evidenciou como foi incrível ter o espaço no Fasc, pois combinou muito bem com o festival e incentivou o debate sobre comunicação e as realidades que o mundo está vivenciando. “É muito importante ter essa sala aqui, porque a Mangue Jornalismo é esse espaço de resistência, de contato com o povo, que foi muito bem acrescentado aqui dentro do festival. Foi muito maravilhoso ter essa troca de conversas mais intimista com o público”, afirmou.
O Festival de Artes de São Cristóvão é apresentado pelo Ministério da Cultura, com realização da Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal do Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac) e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (ESCOA); Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e Governo do Brasil. O Festival conta ainda com patrocínio da CELI, Banco do Nordeste, Iguá Sergipe, Ecoparque Sergipe e CAIXA. O apoio fica por conta da SE – Sistema Engenharia, Colortex Tintas, Unir Locações e Serviços e Vitória Transportes.
Fotos: Clara Dias
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