Nesta quarta-feira (06), o Salão de Artes Vesta Viana foi agraciado com um presente especial feito pelo artista Marcos Deumares: um retrato realista daquela que dá nome ao espaço, a artista plástica Vesta Viana. A homenagem aconteceu em uma cerimônia realizada na galeria, que contou com a presença de membros da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur), de turmas de escolas da rede pública do município e de admiradores da homenageada.

O retrato elaborado por Marcos Deumares, que foi tocado pela obra e história de Vesta Viana, foi uma ideia espontânea após a passagem do retratista pela galeria no ano anterior, enquanto desenvolvia um outro trabalho contemplado pela Lei Paulo Gustavo. Segundo ele, foi nesse momento que teve contato com a biografia de Vesta e logo ficou encantado com o seu trabalho.

“Pesquisei mais e, inspirado, resolvi homenageá-la com essa obra, feita especialmente para o espaço dela. Minha intenção foi captar a sua essência, buscando inspiração no estilo e na trajetória da artista, que é uma grande referência na cultura local”, contou Deumares.

A técnica utilizada para pintar o quadro de 57x67cm foi óleo sobre tela, baseando-se no realismo, e levou cerca de doze horas para o trabalho ser concluído. Além da cortesia, o presente foi uma importante ferramenta para guardar a memória da artista, pois os registros fotográficos dela são raros.

Neto Astério, assessor administrativo da Fumctur, ressaltou que, até recentemente, a galeria não contava com um quadro ou uma imagem que representasse visualmente Vesta Viana. Porém, com o contato de Deumares informando que ele havia confeccionado um retrato de Vesta Viana com base em uma fotografia e, de forma autônoma, presentearia a prefeitura, o salão de artes passará a expor a imagem de Vesta permanentemente.

“Esse salão leva o nome de Vesta, uma artista que marcou a cidade ao pintar prédios e manifestações culturais, deixando um legado que permanece vivo mesmo após o seu falecimento. Sua arte contribuiu para que o nome de São Cristóvão fosse valorizada, mostrando que os artistas visuais da cidade são extremamente talentosos e capazes. Agora, com essa ilustração, temos a presença de Vesta Viana ainda mais viva em nosso salão. Para quem já conhece o espaço, fica o convite para uma nova visita, para contemplar esse retrato e “conversar” com Vesta”, pontuou o assessor.

A coordenadora da escola e galeria Vesta Viana, Laís Santos, enfatizou a generosidade do artista em doar a obra para o espaço, que, para ela, foi muito significativo, uma vez que é a primeira peça a representar fisicamente a homenageada. “Essa obra tem um valor especial para nós, e a galeria tem cumprido seu papel ao acolher os artistas de São Cristóvão, abrindo as portas para a comunidade. Este é um espaço onde as pessoas podem vir, conhecer e vivenciar uma experiência artística”, reforçou.

A cerimônia ainda incluiu o discurso da poetisa Vera Lúcia dos Santos, que ocupa a cadeira nº 07 na Academia Sancristovense de Letras, cuja patrona é Vesta Viana. No momento, ela recitou um poema escrito pela própria Vesta, e destacou o quanto a experiência de pesquisar sobre sua vida foi rica e cheia de acolhimento. “Vesta fez uma prestação de serviço à comunidade de São Cristóvão. Qualquer pessoa que precisasse de informações era só procurar, porque ela era uma mulher calma, tranquila, ficava sentadinha na porta dela, mas era cheia de conhecimento”, expôs.

O estudante Erick Reis, aluno do Colégio Estadual Deputado Elísio Carmelo, estava visitando a galeria com sua turma e ficou impressionado com os detalhes do novo retrato, que possibilitou-o conhecer mais a artista. “Achei o trabalho extremamente realista, com detalhes formidáveis. Dá para perceber as expressões, a idade dela, cada fio de cabelo, o que torna a obra muito autêntica. Na minha opinião, é uma pintura impressionante”, avaliou. 

Vesta Viana

Maria Vesta Viana (1930-2017) foi uma artista de São Cristóvão, conhecida por seu estilo naïf e primitivista. Suas obras retratam os monumentos locais, as festas religiosas e profanas, o casario, as ruínas e as paisagens marítimas da cidade. Vesta era autodidata e expressava em suas pinturas um profundo amor pela herança cultural de São Cristóvão, recriando a cidade com espontaneidade e sensibilidade poética.

Ela trabalhou por dez anos no Centro Social Santa Clara, onde ensinou pintura em tecido e bordado, e realizou suas primeiras exposições no Museu Histórico de Sergipe, embora sua residência fosse considerada sua verdadeira galeria. Suas obras fazem parte do acervo de importantes instituições culturais do estado, como o Museu Histórico de Sergipe e o Museu do Homem Sergipano, e também estão em coleções particulares, consolidando sua relevância artística e seu legado cultural em Sergipe.

Fotos: Heitor Xavier