Nesta quinta-feira (05), a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI) de São Cristóvão realizaram na Universidade Federal de Sergipe (UFS) a 3ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. Com o tema “Envelhecimento multicultural e Democracia: urgência por equidade, direitos e participação”, o evento reuniu autoridades, representantes da sociedade civil, conselheiros e pessoas idosas em um dia de debates e construção de propostas voltadas ao fortalecimento das políticas públicas para esse público.

As propostas escolhidas, assim como os oito delegados selecionados durante o evento, irão participar da conferência estadual em agosto e as escolhidas nessa ocasião serão levadas para a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, que acontecerá de 05 a 08 de novembro de 2025, em Brasília.

De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Lucianne Rocha, a conferência é um espaço fundamental de participação popular, onde é possível falar, discutir e avaliar as políticas públicas de cuidado que têm sido ofertadas aos idosos do município. “O debate gira em torno da garantia de direitos, do envelhecimento com qualidade, da participação ativa da pessoa idosa nos espaços de produção, de decisão e de escuta dentro do nosso território”, detalhou.

Abertura

A programação foi aberta pela apresentação cultural do grupo Ela por Elas, balé do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Semas, que apresentou uma poética performance sobre a força e presença feminina, guiada pela professora Sara Sullovon. Em seguida, a mesa de abertura abrangeu o discurso da gestão e da participação social em prol da proteção dos idosos sancristovenses.

Além da secretária da pasta, participaram da mesa o prefeito de São Cristóvão, Júlio Nascimento; a presidente do Conselho Municipal do Direito da Pessoa Idosa (CMDPI), Maria do Carmo Batista; a presidente do conselho estadual voltado ao tema, Catarina Rocha; a assistente social e especialista em gerontologia, Maíra Campos; e o representante dos Amigos da Melhor Idade (AMI), João Silva.

O prefeito Júlio Nascimento afirmou que a sua gestão busca fortalecer a rede de apoio para pessoas idosas, colaborando com organizações da sociedade civil, associações, sindicatos e movimentos populares. “Este é um momento fundamental de escuta. Um momento em que vamos traçar prioridades para direcionar os recursos que temos. E, embora tenhamos limites, não estamos aqui apenas para falar das dificuldades, mas também para apresentar o que estamos planejando para os próximos anos, para essa comunidade tão importante”, realçou o gestor.

Maria do Carmo Batista, presidente do CMDPI, enfatizou a força do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, contando com o apoio da gestão, que tem se mostrado sensível a essas pautas: “Graças a essa parceria, estamos hoje aqui, unidos, para fazer nosso trabalho enquanto conselho: garantir que os direitos da pessoa idosa não fiquem apenas no papel, mas se tornem realidade concreta na vida de quem tanto já contribuiu com nossa cidade. É fundamental reconhecer a importância da conferência e de tudo o que ela representa: um espaço para discutir, propor, criar caminhos que melhorem e qualifiquem os direitos dos idosos”. 

A conferência também foi palco para a palestra magna da assistente social Maíra Campos, que trouxe reflexões sobre o envelhecimento sob múltiplas perspectivas culturais e os desafios para garantir equidade, participação ativa e respeito aos direitos das pessoas idosas. “A palestra teve como principal intuito dialogar sobre a priorização da luta pelos direitos da população idosa municipal, com foco na equidade, nas múltiplas velhices, e em como buscar realmente melhorias para a população idosa”, destacou a palestrante.

No turno da tarde, os participantes se dividiram em grupos de trabalho para discutir os eixos temáticos da conferência, propondo ações concretas e prioridades para o município. Em seguida, a plenária final apresentou e aprovou as propostas elaboradas ao longo do dia, assim como elegeu os oito delegados que representarão o município nas conferências subsequentes.

Participação social

O engajamento da população de São Cristóvão com a causa idosa é essencial para que aqueles que elaboram políticas públicas conheçam e enfrentem os desafios vividos pela comunidade idosa do município. Para isso, foram trabalhados cinco eixos que abordaram dimensões fundamentais para a garantia dos direitos das pessoas idosas no município, propostos pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

O Eixo 1 trata do financiamento das políticas públicas, essencial para a ampliação e efetivação dos direitos sociais dessa população. Já o Eixo 2 enfatiza o fortalecimento de ações voltadas à proteção da vida, da saúde e ao acesso ao cuidado integral, respeitando as especificidades do envelhecimento. O Eixo 3 propõe medidas de proteção e enfrentamento a todas as formas de violência, negligência, abandono social e familiar que atingem pessoas idosas. O Eixo 4 valoriza a participação social, o protagonismo e a vida comunitária, reconhecendo a diversidade das velhices e seus diferentes modos de viver. Por fim, o Eixo 5 destaca a importância da consolidação dos conselhos de direitos da pessoa idosa como instâncias permanentes de controle social, fundamentais para a construção de políticas públicas efetivas e sustentáveis.

Gilzanira Bastos, conselheira e coordenadora da comissão da Conferência, ressaltou que o intuito do conselho é que essas propostas não fiquem apenas no papel, mas que sejam realmente consideradas e executadas pela gestão pública, uma vez que a conferência foi construída para ser um espaço de diálogo, de luta e de conquista para a garantia de direitos.

“Aqui em São Cristóvão, já realizamos diversas ações voltadas à população idosa. Temos atividades no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, desenvolvidas tanto no Cras São Cristóvão (na sede), quanto no Cras Gilson Prado (no bairro Eduardo Gomes, Grande Rosa Elze). Na área da saúde, contamos com atividades físicas ofertadas pela Academia da Saúde. Além disso, temos a parceria com organizações da sociedade civil, que se unem ao poder público para ampliar essa rede de cuidado. Um exemplo é a Associação AMI, que desenvolve atividades de convivência, dinâmicas, ações lúdicas e oficinas que ajudam a combater a ociosidade. Nosso objetivo é ampliar ainda mais essas ações”,  pontuou.

Representando os Amigos da Melhor Idade, João Silva reafirmou a importância de participar de espaços como a conferência, lembrando que ainda existem pessoas que ficam dispersas, por não terem tanto contato com os seus direitos, e reforçando que esse momento é justamente para que elas tenham o conhecimento adequado e possam ter êxito em algo que precisem, seja uma assistência médica ou qualquer outro tipo de assistência.

“O idoso hoje tem espaço para conhecer todos os seus direitos, só que nem sempre ele participa. Uma conferência como essa é o momento certo para adquirir esse conhecimento e para questionar sobre os seus direitos. É o único espaço mais adequado que nós temos para aproveitar e cobrar dos gestores e das autoridades lá de cima”, defendeu.

Como exemplo disso, Dona Maria José, usuária do Cras, esteve presente junto ao grupo de amigas com que convive no centro, e, para ela, o respeito é a principal via para assegurar seus direitos. “A gente só quer respeito. Entrar no ônibus e ter um lugar pra sentar, andar na rua sem ser destratada, ser bem tratada em todo canto. A pessoa idosa merece dignidade, merece cuidado. O que a gente precisa é que o poder público olhe com carinho pra nós, que faça coisa boa, porque a gente tá precisando. E quem não é idoso hoje, vai ser amanhã”, concluiu.

Fotos: Dani Santos