25/07/2025

São Cristóvão é a única cidade sergipana a participar do Guia do Afroturismo no Brasil com a participação do Terreiro de Candomblé Alarokê

A Cidade Mãe de Sergipe celebra mais uma grande conquista. São Cristóvão foi a única cidade do estado contemplada no Guia do Afroturismo no Brasil com a inserção do Terreiro de Candomblé Alarokê no documento lançado oficialmente neste mês de julho pelo Ministério do Turismo, em parceria com a Unesco. O guia, de alcance nacional e internacional, apresenta roteiros e experiências da cultura afro-brasileira. Ao todo, 43 iniciativas afrocentradas foram selecionadas em todo o país.

O Terreiro Alarokê, localizado na Rodovia João Bebe Água, passou a integrar o Projeto Rotas Negras, instituído pelo Decreto nº 12.277/2024, que tem como objetivo fomentar o afroturismo e fortalecer comunidades negras. A seleção para o guia foi realizada por meio de formulário público, com critérios como a presença no Mapa do Turismo Brasileiro, atuação de afroempreendedores e regularidade no Cadastur.

ft/Deloer Jr

Juracy Júnior, babalorixá do Alarokê, compartilha que esta conquista é um marco em sua trajetória como sacerdote e para a consolidação do terreiro. Sua ideia sempre foi fortalecer e fixar a comunidade no território que lhe pertence. Nesse sentido, o projeto, que propõe o terreiro como espaço de encontro turístico, representa um passo importante para concretizar esse plano.

“Através dessa iniciativa, é possível adquirir recursos financeiros que garantam a sobrevivência e a subsistência de quem escolhe viver o terreiro e fortalecer a comunidade. Com o reconhecimento e o apoio da Prefeitura de São Cristóvão, estamos dando um passo imenso”, destaca Juracy.

Juracy Júnior, babalorixá do Alarokê - Ft/Érica Xavier 

Atualmente, São Cristóvão, por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), mantém um cadastro ativo e atualizado das 72 comunidades de terreiro instaladas no município. Esse mapeamento é fundamental para que outras instituições também possam se fortalecer, alcançar reconhecimento e ter visibilidade nos âmbitos municipal, estadual e nacional.

O Terreiro Alarokê, segundo Juracy Júnior, pretende ser um projeto-piloto que inspire outros terreiros na sua estruturação e organização. Para ele, é essencial que outros espaços de religiões de matriz africana também sejam contemplados pelo projeto Rotas Negras. “É fundamental que haja diversidade, que mais casas façam parte e ofereçam diferentes experiências. Cada terreiro tem sua lógica, sua visão de mundo, sua forma única de cultuar os orixás e os ancestrais. Isso permite que quem visita vivencie diferentes formas de espiritualidade e de conexão com a ancestralidade”, completa.

Ft/Deloer Jr

Segundo o diretor municipal da pasta de Direitos Humanos, Edilberto Filho, essa conquista reflete o empenho da gestão municipal na valorização e preservação das comunidades de terreiro, reconhecendo seu caráter religioso, antropológico e social. “A participação do município neste guia é um ganho significativo. É resultado de uma série de ações afirmativas, como a constituição do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, a adesão de São Cristóvão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), além da participação no projeto Rotas Negras”, pontua.

A presença do Terreiro Alarokê no cenário do afroturismo nacional simboliza, de acordo com Edilberto, uma oportunidade de fomentar o turismo com base na valorização das tradições afro-brasileiras. “Isso mostra que o município tem um olhar cuidadoso e comprometido com as religiões de matriz africana e reforça a importância de pensar os direitos humanos de forma transversal, como política pública. Quando se potencializa o caráter turístico dessas comunidades tradicionais, promove-se também sua emancipação e sustentabilidade.”

Edilberto Filho, diretor municipal da pasta de Direitos Humanos - Ft/Érica Xavier 

De acordo com o coordenador de Turismo da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), Diego Souza, o feito também é resultado de ações voltadas à preservação do patrimônio histórico, ao fortalecimento do turismo cultural e ao incentivo às manifestações afro-brasileiras que compõem a identidade da Cidade Mãe de Sergipe. “O reconhecimento abre portas para novas oportunidades, amplia a visibilidade da cidade, atrai investimentos no turismo étnico-cultural e gera benefícios diretos para a economia local, além de fortalecer o sentimento de orgulho e pertencimento da população”, finaliza.

Diego Souza, coordenador de Turismo - Ft/Claria Dias 

O Guia do Afroturismo no Brasil está disponível no portal do Governo Federal, você pode acessá-lo clicando aqui. 

Foto capa: Deloer Jr. 

Publicado por Érica Xavier
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