São Cristóvão é a única cidade sergipana a participar do Guia do Afroturismo no Brasil com a participação do Terreiro de Candomblé Alarokê

A Cidade Mãe de Sergipe celebra mais uma grande conquista. São Cristóvão foi a única cidade do estado contemplada no Guia do Afroturismo no Brasil com a inserção do Terreiro de Candomblé Alarokê no documento lançado oficialmente neste mês de julho pelo Ministério do Turismo, em parceria com a Unesco. O guia, de alcance nacional e internacional, apresenta roteiros e experiências da cultura afro-brasileira. Ao todo, 43 iniciativas afrocentradas foram selecionadas em todo o país.
O Terreiro Alarokê, localizado na Rodovia João Bebe Água, passou a integrar o Projeto Rotas Negras, instituído pelo Decreto nº 12.277/2024, que tem como objetivo fomentar o afroturismo e fortalecer comunidades negras. A seleção para o guia foi realizada por meio de formulário público, com critérios como a presença no Mapa do Turismo Brasileiro, atuação de afroempreendedores e regularidade no Cadastur.

Juracy Júnior, babalorixá do Alarokê, compartilha que esta conquista é um marco em sua trajetória como sacerdote e para a consolidação do terreiro. Sua ideia sempre foi fortalecer e fixar a comunidade no território que lhe pertence. Nesse sentido, o projeto, que propõe o terreiro como espaço de encontro turístico, representa um passo importante para concretizar esse plano.
“Através dessa iniciativa, é possível adquirir recursos financeiros que garantam a sobrevivência e a subsistência de quem escolhe viver o terreiro e fortalecer a comunidade. Com o reconhecimento e o apoio da Prefeitura de São Cristóvão, estamos dando um passo imenso”, destaca Juracy.

Atualmente, São Cristóvão, por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), mantém um cadastro ativo e atualizado das 72 comunidades de terreiro instaladas no município. Esse mapeamento é fundamental para que outras instituições também possam se fortalecer, alcançar reconhecimento e ter visibilidade nos âmbitos municipal, estadual e nacional.
O Terreiro Alarokê, segundo Juracy Júnior, pretende ser um projeto-piloto que inspire outros terreiros na sua estruturação e organização. Para ele, é essencial que outros espaços de religiões de matriz africana também sejam contemplados pelo projeto Rotas Negras. “É fundamental que haja diversidade, que mais casas façam parte e ofereçam diferentes experiências. Cada terreiro tem sua lógica, sua visão de mundo, sua forma única de cultuar os orixás e os ancestrais. Isso permite que quem visita vivencie diferentes formas de espiritualidade e de conexão com a ancestralidade”, completa.

Segundo o diretor municipal da pasta de Direitos Humanos, Edilberto Filho, essa conquista reflete o empenho da gestão municipal na valorização e preservação das comunidades de terreiro, reconhecendo seu caráter religioso, antropológico e social. “A participação do município neste guia é um ganho significativo. É resultado de uma série de ações afirmativas, como a constituição do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, a adesão de São Cristóvão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), além da participação no projeto Rotas Negras”, pontua.
A presença do Terreiro Alarokê no cenário do afroturismo nacional simboliza, de acordo com Edilberto, uma oportunidade de fomentar o turismo com base na valorização das tradições afro-brasileiras. “Isso mostra que o município tem um olhar cuidadoso e comprometido com as religiões de matriz africana e reforça a importância de pensar os direitos humanos de forma transversal, como política pública. Quando se potencializa o caráter turístico dessas comunidades tradicionais, promove-se também sua emancipação e sustentabilidade.”

De acordo com o coordenador de Turismo da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), Diego Souza, o feito também é resultado de ações voltadas à preservação do patrimônio histórico, ao fortalecimento do turismo cultural e ao incentivo às manifestações afro-brasileiras que compõem a identidade da Cidade Mãe de Sergipe. “O reconhecimento abre portas para novas oportunidades, amplia a visibilidade da cidade, atrai investimentos no turismo étnico-cultural e gera benefícios diretos para a economia local, além de fortalecer o sentimento de orgulho e pertencimento da população”, finaliza.

O Guia do Afroturismo no Brasil está disponível no portal do Governo Federal, você pode acessá-lo clicando aqui.
Foto capa: Deloer Jr.
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