O Salão de Literatura Manoel Ferreira tem se consolidado como um dos espaços mais importantes do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) e, na edição deste ano, sua programação está ainda maior e mais rica. Realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Gina Franco, o salão será palco para importantes debates sobre antirracismo, ancestralidade, democracia e liberdade, mediados por grandes autores e personalidades como Elisama Santos, Raphael Montes, Xico Sá e a Ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia. 

Em edição histórica que acontecerá entre os dias 20 e 23 de novembro, a 40ª edição do Fasc tem como tema “Na Cultura a Gente se Encontra”, trazendo diversidade de encontros em seus múltiplos formatos artísticos, que, além da literatura, abrange música, teatro, artes visuais, cortejos tradicionais, artesanato, entre outras vertentes. A proposta é evidenciar a arte como instrumento de transformação social, memória e resistência cultural, fortalecendo  a identidade cultural da Cidade Mãe de Sergipe.

Segundo a presidenta da Fundação Municipal de Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac), Paola Santana, as atrações deste ano foram pensadas para refletir a diversidade e a representatividade que marcam o Fasc. O tema desta edição reforça o festival como um espaço de encontros entre artistas, escritores, públicos e identidades, e não por acaso, a programação será aberta no Dia Nacional da Consciência Negra, data simbólica para celebrar a cultura, a resistência e a contribuição da população negra para o país.

“Buscamos oferecer uma programação com qualidade artística, pluralidade de linguagens e um olhar especial para a literatura, que ganha ainda mais força nesta edição. Cada atração foi escolhida com cuidado por uma curadoria que ama esse festival e trabalha para consolidar São Cristóvão como um grande palco da cultura nacional”, afirmou Paola.

Programação

A abertura, marcada para o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), terá uma programação 100% preta, em sintonia com o compromisso do festival em promover representatividade, diversidade e reflexão. Neste dia, todas as mesas serão compostas por autoras e mediadoras negras, reafirmando o Fasc como um espaço de visibilidade e valorização das vozes que constroem a literatura brasileira contemporânea.

Na primeira mesa do Salão de Literatura, Elisama Santos e Mafuane Oliveira marcarão presença no debate “A literatura na promoção de uma educação antirracista e não violenta”, mediado por Geneluça Cruz Santana. Baiana radicada em São Paulo, Elisama é escritora, apresentadora e psicanalista, autora de nove livros, entre eles os best-sellers Educação Não Violenta e Por que Gritamos?. Também se destaca na ficção com Mesmo Rio e Ensaios de Despedida. Mafuane, por sua vez, é pesquisadora, artista e consultora, coautora de Doma: Saberes Negros e Enfrentamento ao Racismo e autora de livros infantis como Cinderela do Rio e Mesma Nova História, finalista do Prêmio Jabuti 2022. Ela também apresenta o programa Contos Rá-Tim-Bum, que celebra o poder das narrativas.

Ainda no mesmo dia, a escritora Cristiane Sobral apresenta a discussão sobre “Aquilombamento literário”, mediada pela professora Sara Rogéria Santos Barbosa, reforçando o papel da escrita como forma de resistência, ancestralidade e pertencimento.

No dia 21, o destaque fica por conta de Raphael Montes, um dos principais nomes da literatura policial contemporânea. Nascido no Rio de Janeiro, Montes é escritor e roteirista, autor de sucessos como Suicidas, Dias Perfeitos e Jantar Secreto, além de roteirizar as séries Bom Dia, Verônica e Beleza Fatal. Até janeiro de 2024, suas obras já haviam vendido cerca de 500 mil exemplares no Brasil e sido traduzidas para 25 idiomas, consolidando seu nome no mercado literário internacional. Em São Cristóvão, ele participa da mesa “À beira do precipício: a criação literária”, mediada pela professora Pâmela Sampaio, abordando os bastidores da escrita, a construção do suspense e o olhar do autor sobre a condição humana.

Ainda no mesmo dia, o Fasc terá a honra de apresentar a ministra Cármen Lúcia, jurista, professora e atual integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que participa do festival com a vídeo palestra “Desburocratizar a cultura”. Autora de livros como Direitos para Todos, Cármen Lúcia é reconhecida por sua defesa dos direitos humanos e das minorias, e sua presença no Fasc amplia o debate sobre a democratização da cultura e da literatura, temas fundamentais para um país mais justo e plural.

A programação segue no dia 22 com Luiza Romão e Débora Arruda, que apresentam “Extra! Extra! Também temos pedras aqui!”, mediadas por Stella Carvalho. Em seguida, o jornalista e escritor Xico Sá e o poeta Sérgio Vaz discutem “Palavra literária e ruptura”, sob mediação de Allan Jonnes, em um encontro que promete unir poesia, crítica social e o poder da linguagem popular.

Encerrando o ciclo complexo e enriquecedor de diálogos literários, no dia 23, o público confere a mesa “Literatura de Cordel e Hip Hop”, com Izabel Nascimento e o grupo Bruxas do Cangaço (formado por Pagu e Dani Bruxa), mediadas por Ísis da Penha, celebrando o diálogo entre tradição e contemporaneidade.

Sobre o Fasc

Criado na década de 1970, o Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) tornou-se uma das referências culturais mais expressivas do Nordeste, reunindo nomes locais e nacionais em múltiplas linguagens artísticas. Após uma pausa em 2005, o evento foi retomado em 2017, reafirmando o papel de São Cristóvão como um dos grandes pólos da cultura brasileira. Espalhado por diversos pontos do Centro Histórico e bairros da cidade, o FASC oferece uma experiência imersiva que abrange música, teatro, dança, literatura, artes visuais, cinema e muito mais, celebrando a identidade da quarta cidade mais antiga do país.

A edição é uma realização da Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Fumpac e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (Escoa), em parceria com o Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), e conta com patrocínio da CELI e apoio da SE – Sistema Engenharia. O festival é apresentado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet.

Confira a programação completa do festival aqui.