Com o objetivo de construir políticas públicas eficazes para o enfrentamento da violência contra as mulheres no município, a Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), realizou na manhã desta sexta-feira (28), no Paço Municipal, o Seminário “Mulheres da Cidade Mãe: Vozes e Ações contra a Violência”. Durante o evento, foram apresentados dados sobre a violência contra a mulher no município e a estrutura da rede de atendimento disponível.

Os dados apresentados pelo Observatório Maria Beatriz Nascimento revelam um crescimento no número de casos de violência contra a mulher em 2024, em comparação ao ano anterior. Foram 2.004 registros de violência psicológica, física, patrimonial, moral ou sexual, enquanto, em 2023, o município contabilizou 1.772 casos. Dos casos registrados no ano passado, mais de 500 ocorreram dentro das residências das vítimas. Quanto à distribuição territorial, os bairros Rosa Elze, Eduardo Gomes e Centro concentram o maior número de ocorrências, totalizando juntos 847 casos.

Após a exposição dos dados, os participantes se dividiram em três grupos de trabalho, organizados por eixos estruturantes, permitindo um debate mais direcionado sobre diferentes frentes de atuação: Prevenção, fortalecimento e ampliação da rede, formação; Participação e controle social; Promoção da autonomia econômica e social.

As discussões resultaram na formulação de propostas que serão incorporadas ao primeiro Plano Municipal de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres em São Cristóvão. Além disso, foi solicitado às secretarias envolvidas no plano a indicação das pessoas que irão compor o Comitê de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, responsável por coordenar e estruturar a elaboração desse documento essencial. A partir desse encontro, começam a ser traçados os primeiros passos para a implementação de ações concretas, reforçando o compromisso da gestão municipal com a proteção, o acolhimento e a justiça para todas as mulheres.

A secretária municipal de Assistência Social, Lucianne Rocha Lima, ressaltou a importância do seminário como um espaço fundamental para fortalecer a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres. “Reunimos gestores, trabalhadores, usuários e a população de São Cristóvão para discutir estratégias que tornem mais eficaz o enfrentamento dessa realidade. A violência contra a mulher é um problema grave que exige uma atuação firme da gestão pública em parceria com diversos órgãos. Estamos aqui hoje, junto à delegacia de grupos vulneráveis e demais serviços do município, analisando dados e pensando em ações concretas para combater esse cenário. Prevenir a violência precisa ser uma prioridade na gestão pública”, pontuou.

Lucianne também destacou que o seminário faz parte de um processo contínuo de construção do plano municipal. As cinco etapas anteriores aconteceram no âmbito do Programa Papo de Mulher, que contou com a participação de 224 mulheres do município em uma pesquisa voltada a subsidiar a formulação das diretrizes do plano.

O evento ainda contou com a apresentação do grupo de mulheres do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV).

Suporte do município

Durante o evento, o prefeito de São Cristóvão, Julio Nascimento, ressaltou a transformação pela qual o município vem passando e se comprometeu em promover mais políticas públicas voltadas para a proteção das mulheres. “Investir na ampliação da rede de apoio ao enfrentamento da violência contra as mulheres é uma das nossas prioridades. Trabalhamos sempre de forma planejada, ouvindo a população para que os investimentos sejam aplicados de maneira eficiente. A construção desse plano representa um marco histórico para São Cristóvão, e parabenizo todos os envolvidos nesse processo”, afirmou.

Uma das ações realizadas pela Prefeitura de São Cristóvão nos últimos anos foi a criação do Núcleo de Apoio aos Grupos Vulneráveis (NAGV), em maio de 2024. O núcleo, que funciona dentro da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), na 6ª Delegacia Metropolitana, no bairro Eduardo Gomes, concentra atendimentos humanizados às vítimas de violência pertencentes a grupos vulneráveis, garantindo mais agilidade e eficácia na resolução dos casos.

O trabalho do NAGV busca oferecer suporte jurídico, social e psicológico às vítimas, evitando que se sintam desassistidas após registrar uma ocorrência. Embora atenda também crianças, idosos e outros grupos vulneráveis, a maior parte dos casos envolve mulheres. 

A delegada da DAGV, Maria Socorro Carvalho Moura Sá, enfatizou o papel do núcleo especializado dentro da delegacia. “Trabalhar no DAGV é um desafio, mas também uma missão essencial. O Núcleo de Apoio aos Grupos Vulneráveis, implantado dentro da delegacia, faz toda a diferença no acolhimento das vítimas, oferecendo assistência social, psicológica e jurídica. O compromisso da gestão municipal com essa causa tem sido notório, e esperamos que esse trabalho continue sendo fortalecido”, destacou.

A coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres, Raíssa Rocha, reforçou o compromisso da gestão com o diálogo e a conscientização. “Durante este mês de março, estamos realizando uma série de atividades dentro do Programa Papo de Mulher. Nosso objetivo é visitar os equipamentos da cidade para conversar com as mulheres sobre violência, mas também sobre protagonismo e autonomia. Queremos incentivá-las a buscar mais acesso à educação e ao mercado de trabalho. Ao final de cada oficina, entregamos uma cartilha com informações sobre todos os serviços de acolhimento disponíveis no município, incluindo o NAGV, que funciona dentro da DAGV e oferece suporte jurídico, psicológico e social às vítimas”, explicou.

Fotos: Dani Santos