A Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Aquicultura e Pesca (Semagri), estabeleceu na gestão o “Programa Mãos que Se Ajudam”, voltado com um olhar mais sensível aos produtores de São Cristóvão, com projetos que se articulam intersetorialmente e capta recursos para suas necessidades, seja parceria entre setor público ou privado. Desta vez, o destaque está no novo projeto “Nadando com as marisqueiras da Cidade Mãe” que distribuiu, nesta quinta-feira (28), 10 Kits de natação para marisqueiras de diferentes localidades. 

A iniciativa tem parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio da Pró-Reitoria de Extensão; e da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel). O objetivo da política pública se baseia em aulas de natação para as marisqueiras, uma ação que une cuidado, segurança e qualificação para essas mulheres que atuam diariamente nos manguezais e rios da cidade. Além disso, oferece habilidades essenciais para garantir a proteção de quem trabalha no ambiente aquático.

As aulas acontecerão por meio de Projeto de Extensão da UFS na piscina do Departamento de Educação Física a partir de 15 de outubro. Os kits entregues contém maiô e touca de banho, e é o primeiro passo da gestão para esse novo investimento de habilidade de conhecimento para as marisqueiras. De acordo com Edmilson Brito, secretário da Semagri, o programa já realizou várias ações no município, e a entrega desses kits está sendo mais uma das atividades. “Percebemos que havia uma demanda essencial que ainda não tinha sido atendida: muitas marisqueiras não sabem nadar. A maioria delas passa grande parte do tempo na água, mas não tem essa habilidade básica, que pode salvar suas vidas”. 

A diretora municipal de Aquicultura, Elaine de Jesus, explicou que os demais equipamentos necessários para as aulas serão fornecidos pela universidade e reafirma que o principal objetivo deste projeto é salvar vidas. “Essas mulheres trabalham todos os dias no mangue e no rio, muitas vezes sem qualquer tipo de proteção. Como serviço público, temos o dever de desenvolver políticas que garantam mais segurança e condições dignas de trabalho, e foi justamente dessa necessidade que surgiu essa iniciativa”, complementa. 

O prefeito da cidade, Júlio Nascimento, esteve presente na entrega dos kits e reafirmou seu compromisso com as trabalhadoras. “É uma alegria participar desse momento, que não é apenas a entrega de equipamentos, mas a reafirmação do nosso compromisso com as marisqueiras e com o desenvolvimento da cidade. Esse espírito colaborativo entre secretarias e instituições é essencial para alcançar quem mais precisa. Esse é um avanço construído de forma conjunta e motivo de muita felicidade para todos nós."

Aulas de natação 

Muitos projetos de extensão da universidade significam a interação entre a academia e a sociedade, neste caso, com a Prefeitura de São Cristóvão sendo a ponte responsável. Esta iniciativa que representa a UFS devolvendo à comunidade parte do que recebe de investimento, por meio de ações que promovem segurança no ambiente aquático e ajudam a evitar acidentes. 

De acordo com Afrânio Bastos, professor do Departamento de Educação Física da UFS e quem irá acompanhar as marisqueiras nas aulas, compartilha que as primeiras aulas serão baseadas na adaptação na água, trabalhando consciência corporal e técnicas de sobrevivência e deslocamento no ambiente aquático. 

“Neste primeiro momento, foram selecionadas 10 marisqueiras, devido ao espaço limitado da piscina e para garantir a segurança durante as aulas. A ideia é que, conforme esse grupo desenvolva as habilidades necessárias, novas turmas sejam abertas, ampliando o alcance do projeto. Esse é apenas o início de um processo que busca dar mais segurança e qualidade de vida para essas trabalhadoras que dependem do ambiente aquático no seu dia a dia”, destaca o professor de Educação Física. 

Somando-se no ensinamento técnico às marisqueiras, o projeto tem a importante parceria com a Semel, que disponibilizará de professores e especialistas em natação para promover aulas já no ambiente de mangue e rio, locais onde elas trabalham. 

Barbara Pitanga, diretora municipal de Planejamento da Semel e especialista em nados, enfatiza que o projeto surge como uma ação de cuidado e proteção para estas trabalhadoras, oferecendo a oportunidade de desenvolver práticas de natação que podem auxiliar nas demandas do próprio trabalho, como e especialmente na segurança de vida. 

“Em primeiro momento, vamos acompanhar as aulas na universidade, e analisar o desenvolvimento delas, mas entramos, efetivamente, em um segundo momento que será após a etapa de iniciação. Elas sairão no âmbito da UFS e realizarão atividades com nossa equipe técnica no habitat natural delas, onde aprenderão a modalidade de natação em águas abertas. É uma etapa essencial para que elas se sintam mais preparadas e seguras no ambiente real de trabalho”, explica Bárbara. 

Marisqueiras 

Elidiane Santos, marisqueira, aprovou a ação da Prefeitura, e agradeceu a valorização e respeito pelo trabalho desenvolvido pelas marisqueiras. “A importância dessa aula é enorme, não só para mim, mas para todas as minhas companheiras. Muitas delas realmente não sabem nadar, e essa é a nossa maior dificuldade. Trabalhar no mangue sem saber nadar gera um medo constante, e isso afeta o nosso dia a dia”. 

Edna Fontes, marisqueira de São Cristóvão e membro da coordenadoria do Movimento das Marisqueiras de Sergipe, compartilha da mesma felicidade.  “Isso tem uma importância enorme, algo que nós nem imaginávamos que seria possível. Hoje, com essa iniciativa, vemos que as marisqueiras de São Cristóvão vem sendo respeitadas enquanto participamos dessas aulas de natação. Para nós, é algo maravilhoso de se ver e vivenciar. Já me sinto ansiosa e com as melhores expectativas para o início das aulas”. 

Fotos: Dani Santos