Marisqueiras de São Cristóvão aprendem a nadar e ganham mais segurança, saúde e autoestima com projeto da Prefeitura
Em São Cristóvão, o mar e o mangue sempre fizeram parte da rotina e da história de muitas mulheres. São elas que, com coragem e resistência, tiram do mangue o sustento de suas famílias e preservam um modo de vida tradicional. Pensando nelas, a Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Aquicultura e Pesca (Semagri), desenvolve o projeto “Nadando com as Marisqueiras da Cidade Mãe”, uma iniciativa que une cuidado, aprendizado e valorização.
O projeto oferece aulas de natação para dez marisqueiras de diferentes localidades do município, realizadas duas vezes por semana na Universidade Federal de Sergipe (UFS), parceira da ação. Junto com as aulas, elas recebem kits de natação, com maiô e touca, além de transporte para os encontros.
Mais do que ensinar a nadar, o projeto proporciona segurança, autoconfiança e bem-estar físico e emocional. Muitas das participantes, mesmo acostumadas a passar boa parte do dia na água, nunca haviam aprendido a nadar, um paradoxo comum entre mulheres que vivem do mar, mas que sempre enfrentaram o medo e os riscos do ofício. “Estamos vendo de perto a evolução delas e como se sentem bem participando. É uma ação que simboliza dignidade e cuidado. Elas trabalham na água, e agora têm a oportunidade de dominar esse ambiente com segurança e orgulho”, destacou Edmilson Brito, secretário da Semagri.
A diretora de Aquicultura do município, Elaine de Jesus, ressalta que as aulas têm proporcionado transformações que vão além do aprendizado técnico. “Elas estão aprendendo as técnicas corretamente, mas também ganhando qualidade de vida. Muitas relatam melhora nas dores do corpo, redução do estresse e um sentimento de bem-estar. É um momento de lazer, de autocuidado e de fortalecimento entre elas”, contou.
O professor Afrânio Bastos, do Departamento de Educação Física da UFS, explica que as aulas começam com uma adaptação ao meio líquido, envolvendo respiração, equilíbrio e propulsão. “O foco principal é a segurança. Queremos que elas conheçam o próprio corpo e saibam como reagir em situações no ambiente aquático. A natação é uma ferramenta para dar autonomia e confiança”, explicou.
Entre as participantes, o sentimento é de gratidão e redescoberta. A marisqueira Claudeci Cruz, com mais de 20 anos de experiência na atividade, conta que o projeto trouxe alívio e alegria. “Melhorou muito minhas dores, estou dormindo melhor, me sentindo mais leve. Antes eu tinha medo de entrar na água funda, agora já consigo ir com mais confiança. Estou amando aprender a nadar, é um sonho pra mim”, relatou.
Já Maria José Santos, marisqueira desde os 14 anos, resume o sentimento em uma palavra: paz. “Quando chega o dia da aula, fico feliz. É um momento meu, de aprendizado e descanso. Antes, quando a maré enchia, a gente saía do mangue com medo de se afogar. Agora me sinto mais segura. É uma experiência maravilhosa”, contou emocionada.
Cuidado contínuo
O projeto de natação se soma a outras ações desenvolvidas pela gestão municipal para fortalecer o trabalho e a segurança das marisqueiras. Recentemente, foram entregues 100 kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que incluem chapéu, camisa com proteção solar, luvas, calça legging e sapatilhas aquáticas, um gesto pioneiro em Sergipe e voltado à valorização e à saúde dessas profissionais.
Fotos: Heitor Xavier
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