02/08/2025

Chancela da Praça São Francisco: Reinauguração do Museu Histórico de Sergipe integra evento e reúne autoridades em São Cristóvão

Como um marco da união entre governo municipal e estadual, o Museu Histórico de Sergipe foi inaugurado na noite desta sexta-feira (01), no Centro Histórico de São Cristóvão. A cerimônia, promovida pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria Especial da Cultura (Secult) e da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), contou com a parceria da Prefeitura de São Cristóvão, e reativou um espaço rico em arte, cultura e história, lar de peças de dezenas de artistas sancristovenses, estaduais e nacionais. A programação fez parte das comemorações dos 15 anos da chancela de Patrimônio Cultural da Humanidade da Praça São Francisco, concedida pela Unesco em 2010.

Para acompanhar o momento solene, aberto ao som do Quinteto da Orquestra Sinfônica de Sergipe, a Prefeitura de São Cristóvão preparou uma exposição comemorativa no prédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), intitulada “O porvir é agora: 15 anos de Chancela da Praça São Francisco”. A mostra, promovida por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), apresenta vídeos e fotografias que retratam a história da praça como espaço de celebrações, procissões e expressões culturais que conectam diferentes gerações, e contou com a visitação das autoridades presentes. 

Paulo Júnior, deputado estadual; Júlio Nascimento, prefeito de São Cristóvão; Fábio Mitidieri, governador de Sergipe; Marcos Santana, secretário municipal e Governo e Gestão; e André Moura, ex-deputado federal

O prefeito de São Cristóvão, Júlio Nascimento, destacou que o momento é de celebração, mas também de responsabilidade compartilhada entre as instituições governamentais e culturais na preservação de um patrimônio que pertence não apenas à cidade, mas ao mundo. Com a reabertura do museu em estrutura renovada, a Cidade Mãe de Sergipe recebe um presente que reforça seu valor histórico e enriquece ainda mais seu repertório cultural. “A presença do governo do Estado aqui hoje fortalece ainda mais nossos investimentos em diversas áreas. É necessário investir em serviços e, principalmente, fazer com que a população se sinta pertencente a esse equipamento. Isso não se faz apenas com obras, é preciso comprometimento”, assegurou.

A instituição museal mais antiga de Sergipe passou por três anos de restauração, concluída com investimento de R$1.428.171,13 feito através da Funcap, garantindo a recuperação completa de suas estruturas internas e externas, com respeito aos traços originais. Instalado em um prédio do século XVIII que já sediou o palácio do poder executivo provincial, o museu reúne arquitetura colonial e elementos barrocos, integrando o conjunto da Praça São Francisco.

Prefeito Júlio Nascimento e governador Fábio Mitidieri

Retomando a estrutura como um símbolo de representatividade e poder, o governador  de Sergipe, Fábio Mitidieri, declarou que, a partir da inauguração, o Governo irá, uma vez por mês, despachar seus assuntos governamentais diretamente do Museu Histórico de Sergipe, como foi na época em que a Cidade Mãe era a capital. “Vamos devolver o governo aqui para São Cristóvão. Queremos conhecer, dentro de nós, a história do nosso povo, da nossa cultura. Porque é isso que nos forma, é isso que nos define. Só quando conhecemos a nossa origem é que conseguimos respeitar, proteger e valorizar a nossa história. Que possamos, com esse momento, fortalecer ainda mais o fluxo da nossa memória e identidade”, enfatizou o governador.

O Ministério da Cultura se fez presente no evento, e, representando o Governo Federal, a Secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura, Roberta Martins, enunciou seu encanto com São Cristóvão, realçando ser fundamental olhar para a cultura como um artigo fundamental para o desenvolvimento do Brasil. “Toda vez que um museu abre a porta, eu acho que uma estrelinha nasce no céu. Porque a cultura e a arte iluminam a vida da sociedade”, afirmou.

Ao centro, Roberta Martins, Secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura, ao lado do prefeito Júlio Nascimento e da vice-prefeita Gedalva Umbaubá

Marcos Santana, secretário de Governo e Gestão de São Cristóvão, foi uma figura fundamental para a evolução estrutural da cidade e manifestou sua alegria ao inaugurar o prédio histórico, ressaltando que a chancela da praça que ele integra vai além  do ato simbólico. “Essa conquista precisa vir acompanhada de serviços do governo estadual, do governo municipal, do governo federal. E foi isso que buscamos fazer nos últimos oito anos. Estamos tentando transformar isso em realidade. Este museu, um dos mais antigos do estado, é também um dos equipamentos mais importantes para o desenvolvimento do turismo e da economia local, por isso é um presente recebido hoje”, completou.

Homenagens

Junto a abertura das exposições, foi realizada na ocasião uma sessão de homenagens a importantes nomes que marcaram a cultura da cidade e a história do museu. Receberam a honraria o governador Fábio Mitidieri; o historiador Thiago Fragata; Terezinha Alves Oliva, que também na época do título foi superintendente do Iphan em Sergipe; a professora e consultora de pesquisa e memória Aglaé Fontes; e a coordenadora do Museu de Arte Sacra e dos tapetes de Corpus Christi, Vânia Dias Correia. Também foi prestada uma homenagem póstuma ao professor Luiz Alberto, representado por sua irmã, Lenalda Andrade Santos.

Vânia Dias Correia, coordenadora do Museu de Arte Sacra e dos tapetes de Corpus Christi

Ao representar os homenageados, o historiador e escritor Thiago Fragata relembrou que as tentativas de conseguir o título de Patrimônio Cultural da Humanidade para São Cristóvão existiam desde os anos 1990, por meio das investidas do então governador João Alves Filho, mas foi no governo do saudoso Marcelo Déda que as exigências foram cumpridas por uma equipe focada em conseguir elevar o reconhecimento à história da cidade fundadora de Sergipe. Por isso, é fundamental lembrar que o esforço para tornar um bem cultural sergipano um patrimônio mundial é um esforço que tem uma história. 

“Eu tenho dito em poesia que flores e placas lemos em vida, então para mim é muito importante isso. Sou muito grato quando homenageiam meio nome, mas estou aqui para lembrar que todo processo de patrimonialização é coletivo. Hoje é um dia para celebrarmos o esforço da sergipanidade, porque o patrimônio representa nosso estado e o anseio e a história do sergipano”, comemorou Fragata.

Thiago Fragata, historiador e escritor

A reforma

A restauração do Museu Histórico de Sergipe promoveu a revisão do telhado, parte elétrica, pintura e reforço nas paredes de taipa, além de uma descupinização completa. O espaço também recebeu novos equipamentos eletrônicos e passou por adequações em acessibilidade, com projetos em análise no Iphan. Paralelamente, o acervo histórico foi cuidadosamente restaurado pelo especialista Henrique Braga, garantindo a preservação de peças de mobiliário, numismática, artes plásticas e armaria, agora em exposição na reabertura do museu.

O diretor-presidente da Funcap, Gustavo Paixão, lembrou que mais projetos serão incluídos no museu, reforçando que cuidar da preservação da cultura e da salvaguarda de todo o patrimônio sergipano é uma prioridade e um compromisso. “Queremos colocar Sergipe no patamar da cultura mundial. Que essa inauguração seja apenas um grande passo, para que a gente continue enaltecendo e valorizando a cultura de Sergipe”.

Gustavo Paixão, diretor-presidente da Funcap

Exposições

O Museu reabriu suas portas com duas exposições temporárias: "Originários", do artista são-cristovense Dom Pepe, que transforma materiais reutilizados em obras artísticas, e "Afinidades Gravadas", com curadoria da professora de Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Marjorie Garrido, reunindo gravuristas sergipanos e nomes consagrados como Cildo Meireles.

Além das mostras temporárias, o acervo permanente foi organizado em salas temáticas. Entre os destaques estão a sala numismática, com peças que evidenciam aspectos históricos, artísticos e econômicos; espaços dedicados a personalidades sergipanas; uma sala sobre fé e devoção, com homenagens a José Augusto Garcez e Horácio Hora; e ambientes voltados à arte moderna e contemporânea de Sergipe.

“O acervo foi formado, inicialmente, por doações da própria comunidade sergipana. Teve também a contribuição importante de um artista plástico muito renomado no estado, Ivo Diniz, que fez a primeira composição lá na década de 1960. Posteriormente, fomos agregando mais peças ao acervo com a ajuda da comunidade, que continua fazendo doações. Um exemplo é a coleção da artista Marli Freitas, que foi a última a chegar, e já compusemos um espaço para que ela seja privilegiada e contemplada nessa nova abertura do museu”, detalhou Rosângela Reis, diretora do Museu Histórico de Sergipe.

Rosângela Reis, diretora do Museu Histórico de Sergipe

Chancela da Praça São Francisco

A reabertura do museu foi comemorada em uma data simbólica, 1º de agosto, dia em que São Cristóvão celebra os 15 anos do reconhecimento da Praça São Francisco como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Datada do século XVI e planejada segundo a Ordenação Filipina, a praça é um raro exemplo da fusão entre os modelos urbanísticos português e espanhol, resultado do contexto histórico da união das coroas ibéricas. Seu entorno abriga importantes construções coloniais, como o Museu Histórico de Sergipe, o Museu de Arte Sacra e o Convento de São Francisco, consolidando-se como referência histórica, cultural e turística.

A conquista do título trouxe visibilidade nacional e internacional a São Cristóvão, inserindo o município em um seleto grupo de apenas 15 localidades brasileiras com chancela da Unesco. Desde então, a cidade passou a integrar a Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM), reforçando seu papel na preservação do patrimônio cultural. Mais que um marco histórico, a Praça São Francisco tornou-se símbolo de identidade para a população sancristovense e motivo de orgulho para o estado de Sergipe, assim como o museu histórico inaugurado que integra o quadrante.

Funcionamento

O Museu Histórico de Sergipe funcionará de terça a domingo, das 9h30 às 17h. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). Aberto ao público em novo momento, o espaço convida moradores e visitantes a redescobrirem a riqueza histórica e cultural da Cidade Mãe de Sergipe.

Fotos: Heitor Xavier

Publicado por Clara Dias
Fotos por Heitor Xavier
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