23/05/2025

Secretaria de Saúde de São Cristóvão reafirma compromisso com a Luta Antimanicomial e promove ações de cuidado em liberdade

No dia 18 de maio, o Brasil celebra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, uma data que simboliza a resistência ao modelo manicomial de tratamento em saúde mental e a defesa de práticas baseadas no cuidado em liberdade, no respeito aos direitos humanos e na inclusão social. Em São Cristóvão, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem atuado de forma firme na consolidação desses princípios por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), promovendo serviços e ações que reforçam seu compromisso com um modelo de cuidado pautado na liberdade, na escuta e na valorização da singularidade de cada usuário.

A luta antimanicomial vai além da data simbólica e representa um movimento contínuo pela dignidade das pessoas com transtornos mentais. Segundo Maria Edna Santos, coordenadora da Atenção Psicossocial de São Cristóvão, “o dia 18 de maio é um marco da resistência e da transformação no cuidado em saúde mental no Brasil. Tem como base o cuidado em liberdade, a valorização dos direitos humanos e a inserção social das pessoas em sofrimento psíquico.”

Maria Edna Santos, coordenadora da Atenção Psicossocial de São Cristóvão/ Foto: Heitor Xavier

Em São Cristóvão, a rede é composta por dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): o CAPS João Bebe Água (Tipo II), localizado no bairro Rosa Maria, e o CAPS Valter Correia (Tipo I), que está no bairro Divineia. Ambos oferecem atendimento diário a pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, incluindo acolhimento diurno, atividades terapêuticas, atendimentos individuais, campanhas educativas e ações intersetoriais articuladas com outros pontos da rede.

Atividades integrativas em alusão ao mês da luta antimanicomial

Como parte das ações alusivas ao mês da luta antimanicomial, a SMS promoveu o InterCAPS, um encontro comemorativo entre os usuários dos dois CAPS da cidade. Realizado no Parque Natural Aloízio Fontes dos Santos, conhecido como Bica dos Pintos, o evento contou com atividades de educação física, dança, educação em saúde, jogos e recreação. A proposta foi incentivar a interação social, promover o bem-estar e fortalecer vínculos entre os participantes.

Fátima Santana, usuária do CAPS Valter Correia, ficou feliz ao ganhar a brincadeira de “cano de guerra”, mas, para além da brincadeira, destacou a importância da luta antimanicomial em sua vida, ressaltando como o acolhimento no CAPS transformou sua trajetória. “Lá nós somos tratados como gente, como ser humano. Quando cheguei ao CAPS estava em crise e encontrei afeto e cuidado, tanto por parte das profissionais quanto das outras pessoas Elas passam para gente amor, carinho, afeto, as que saíram e as que estão agora”.

Fátima Santana, usuária do CAPS Valter Correia

Além disso, uma programação especial foi realizada no CAPS II João Bebe Água, com destaque para apresentações musicais, momentos de convivência e a participação do coral formado pelos próprios usuários do serviço.

Para o psicólogo João Douglas, essas experiências são fundamentais no processo terapêutico: “As atividades promovem a participação ativa dos pacientes. Eles colaboram na organização, brincam juntos, dançam e se sentem parte desses momentos, o que contribui para o desenvolvimento da autonomia. O tratamento não se resume apenas a medicamentos ou terapias ambulatoriais, mas também a essas vivências de interação e participação social.”

João Douglas, psicólogo do CAPS João Bebe Água/ Foto - Heitor Xavier

Eliana dos Santos é usuária do CAPS João Bebe Água desde 2018 e, para ela, o serviço é muito mais que acompanhamento psicológico, é acolhimento, afeto e segurança. “Quando eu estou nas minhas recaídas, é lá que eu encontro apoio. Me sinto bem, me sinto acolhida”, afirmou, reforçando o esforço das equipes de atenção psicossocial para atuar na melhora e no acompanhamento dos pacientes. “A doença mental não tem raio-x. Ela maltrata a mente, o corpo, a família. E quem entende a gente é o CAPS. Minha família de sangue é a segunda. O CAPS é a primeira”.

Publicado por Clara Dias
Fotos por Heitor Xavier
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