13/03/2025

Saúde de São Cristóvão garante medicamentos e suporte emocional para pacientes que desejam parar de fumar

Desde a implantação dos Grupos de Cessação ao Tabagismo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Cristóvão, dezenas de usuários têm recebido suporte medicamentoso, social e emocional para parar de fumar permanentemente. Esses grupos fazem parte da adesão do município ao Programa Nacional de Controle do Tabagismo, promovido pelo Ministério da Saúde para combater o vício em nicotina e tabaco.

Iniciado em 2023 com pequenos grupos, hoje o programa já foi instituído em dez unidades de saúde do território municipal, sendo elas as UBSs José Raimundo Aragão, Irônia Maria Aragão Prado Meireles, Jairo Teixeira de Jesus, Manoel Juvino Santos, Bruno Kaique de Souza Santos, Maria José Soares Figueiroa, Mariano Nascimento, Masoud Jalali e  Maria de Lourdes Ramos. Além dos postos, o programa também é aplicado na Unidade de Atenção Primária Prisional do Complexo Penitenciário Dr. Manoel Carvalho Neto (Copemcan). 

De acordo com a coordenadora de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da SMS, Séphora Santos, o grande objetivo do Programa é promover o controle do tabagismo por meio da atuação do programa na Atenção Primária à Saúde, utilizando uma abordagem individual ou em grupo a partir do desejo de parar de fumar do usuário, por meio de conversas terapêuticas e uso de reposição de nicotina para o desmame do uso do cigarro.

“Atualmente, com o sucesso e expansão do programa, contamos com diversos grupos por Macroárea de Saúde e conseguimos ter resultados positivos com os usuários. Com o empenho dos profissionais, conseguimos atingir jovens, adultos e pessoas idosas, tendo uma predominância do público feminino”, afirmou a coordenadora.  

Séphora Santos, coordenadora de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da SMS/ Foto - Dani Santos

Como funcionam os Grupos de Cessação ao Tabagismo

Os encontros promovidos pelo programa acontecem regularmente, planejados em uma estrutura que dá um suporte mais sólido aos participantes. Nas quatro primeiras semanas, as reuniões ocorrem semanalmente, pois esse é o período mais crítico para a aplicação da terapia cognitivo-comportamental e o fortalecimento do compromisso com a mudança. Já no segundo mês, os encontros passam a ser quinzenais, permitindo o acompanhamento dos primeiros dias sem fumar, a monitoração dos efeitos colaterais, das dificuldades e dos sintomas de abstinência. 

A partir do terceiro mês, o acompanhamento torna-se mensal e se estende por até um ano, garantindo que os pacientes continuem recebendo apoio da equipe e do grupo ao longo de toda a jornada de cessação do tabagismo. Com o fim dos encontros do grupo, a equipe de saúde avalia a condição do paciente para alta do tratamento. Quando as reuniões se tornam mais espaçadas, as unidades passam a ter disponibilidade para abrir vagas e iniciar novos tratamentos, conseguindo ter mais de um grupo em andamento. 

Dinâmica interativa em reunião do Grupo de Cessação ao Tabagismo

Durante as reuniões, os participantes têm a oportunidade de compartilhar suas experiências, receber orientações de profissionais de saúde e acessar diversas terapias integrativas, como ventosaterapia, auriculoterapia e massagens. Além disso, o programa oferece incentivo à prática de atividades físicas gratuitas por meio do IAF, disponível em todas as UBSs, e promove a educação em saúde, abordando temas como hábitos saudáveis e alimentação equilibrada.

Outro pilar fundamental do tratamento é o acesso à terapia medicamentosa disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes recebem suporte com reposição de nicotina, por meio de adesivos transdérmicos e goma de mascar, junto ao cloridrato de bupropiona. Esses medicamentos auxiliam na redução dos sintomas da abstinência da nicotina, aumentando as chances de sucesso na cessação do tabagismo. No entanto, seu uso é mais eficaz quando aliado a uma abordagem completa, como a participação nos grupos, que é a única forma de acesso ao tratamento medicamentoso.

O médico da UBS Masoud Jalali, Lucas Pereira, que acompanha os grupos de cessação ao tabagismo de sua unidade, explica que a Atenção Primária à Saúde tem um importante papel na iniciativa, pois não se limita apenas aos atendimentos ambulatoriais, mas também age na prevenção de doenças e agravos, assim como na promoção da saúde. As equipes de saúde trabalham de forma multiprofissional para eliminar fatores de risco e uma série de doenças das quais o tabagismo é uma das principais causas, como problemas cardiovasculares e diversos tipos de câncer.

“Acreditamos que o programa tem sido um verdadeiro sucesso. Ele não apenas transforma a vida dos participantes, mas também nos motiva, como profissionais de saúde, a continuar nesse processo de ajudar as pessoas a terem mais qualidade de vida. Ficamos muito satisfeitos ao ver os resultados: alguns participantes do primeiro grupo já estão há sete meses sem fumar, o segundo grupo já completa quatro meses e, agora em abril, abriremos o terceiro grupo”, declarou Dr. Lucas.

Lucas Pereira, médico da APS na UBS Masoud Jalali

Sucesso de adesão e resultado

Desde que o Programa de Controle ao Tabagismo foi lançado no âmbito municipal, 173 usuários já foram atendidos, divididos em grupos de até 15 usuários. Para ter o auxílio do programa, com acesso aos medicamentos e acompanhamento dos grupos de apoio, basta demonstrar o interesse à Unidade Básica de Saúde mais próxima, que irá encaminhar o paciente ao grupo de sua região. Nas consultas periódicas e visitas de Agentes Comunitários de Saúde, também é realizada a busca ativa por participantes. Entre eles, a satisfação e gratidão pelo apoio são demonstradas com carinho à equipe e aos colegas. 

Exemplo disso é Najó Glória, participante do grupo da UBS Masoud Jalali, que, após conseguir superar o vício de mais de três décadas em cigarro, detalhou que uma das atividades que mais a ajudou na cessação do tabagismo foi o controle da abstinência por meio da respiração. Outro ponto marcante foi o incentivo à prática de esportes, ajudando a redirecionar a compulsão para uma atividade benéfica. Para ela, o apoio terapêutico foi essencial para reforçar ainda mais o suporte físico fornecido pelos medicamentos para suprir a necessidade física.

“Foi um conjunto de estratégias que atenderam a todas as nossas necessidades: o apoio do grupo, da equipe, e o suporte dos adesivos. Minha mente já queria parar de fumar, mas meu corpo ainda pedia a droga. Os adesivos ajudaram a suprir essa demanda física. E nos encontros, um reforça o outro. Quando alguém tem uma crise de abstinência, o colega liga, conversa, dá apoio. Isso faz toda a diferença”, ressaltou Najó.

Najó Glória, participante do grupo de cessação ao tabagismo da UBS Masoud Jalali

Edidelson Rodrigues, participante do mesmo grupo há quatro meses, aos 60 anos parou de fumar totalmente, depois de viver por 41 anos como fumante. Apesar das diversas tentativas anteriores, em que comprou adesivos e comprimidos por conta própria, essa foi a primeira vez que conseguiu de forma prolongada, pois se sentiu fortalecido pela equipe e os encontros frequentes.

“Nem acredito que consegui parar de fumar! Meus filhos e netos ficaram muito felizes. Eles sempre desejaram que eu parasse de fumar, mas ninguém chegava ao ponto de dizer: ‘Pare! Você consegue!’. Quando vi um cartaz informando sobre o grupo e que ele iria começar, não pensei duas vezes. Hoje, minha família agradece por esse grupo existir e continuar ajudando outras pessoas”, comemorou.

Edidelson Rodrigues, participante do grupo de cessação ao tabagismo da UBS Masoud Jalali

Fotos: Heitor Xavier

Publicado por Clara Dias
Fotos por Heitor Xavier
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