25/07/2025

Ações de rastreio e prevenção em saúde reduzem em 85% os casos de Tuberculose no Copemcan

Pelo quarto ano consecutivo, a Secretaria Municipal de Saúde de São Cristóvão (SMS) realizou ações de rastreio e prevenção à tuberculose no Complexo Penitenciário Dr. Manoel Carvalho Neto (Copemcan). Esse trabalho tem garantido resultados favoráveis na redução de incidência da doença, que, neste ano, apresentou uma diminuição de 85% no número de casos. A iniciativa levou vacinação e aplicação de testes à toda população privada de liberdade, com o objetivo de identificar e tratar precocemente a enfermidade, protegendo tanto os internos quanto os profissionais que atuam no sistema prisional.

A ação, promovida em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça de Defesa do Consumidor (SEJUC) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), testou 2.624 pacientes com o Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB), um exame moderno capaz de identificar, em amostras de escarro, a presença do Mycobacterium tuberculosis e possíveis resistências à rifampicina, um dos principais medicamentos usados no tratamento da doença. Com resultado disponível em cerca de duas horas, o teste apresenta alta sensibilidade e especificidade, oferecendo maior precisão diagnóstica em comparação à baciloscopia e, em alguns casos, até mesmo à cultura em meio sólido.

Foto - Equipe SMS

Neste ano, também foi observada uma diminuição considerável nos sintomáticos respiratórios e, entre os 232 casos sintomáticos, apenas 12 tiveram resultado positivo, o equivalente a quatro casos a cada mil pacientes. De acordo com Joélia Ferreira, referência técnica de em Tuberculose, Hanseníase e Toxoplasmose da SMS, para esses casos, o Tratamento Diretamente Observado (TDO) foi iniciado no próprio presídio, onde as equipes de saúde têm acesso às medicações necessárias.

“Ações como estas beneficiam a população privada de liberdade para diagnósticos de agravos que acometem essa população, como também intensifica o rastreamento de um maior número de sintomáticos para tuberculose em um curto período de tempo. Hoje, observamos que com a implantação da equipe de saúde prisional e a organização do processo de trabalho houve uma diminuição do diagnóstico de casos no Copemcan de tuberculose”, afirmou a especialista.

Joélia Ferreira, referência técnica de em Tuberculose, Hanseníase e Toxoplasmose da SMS/ Foto - Heitor Xavier

A tuberculose é uma doença infecciosa causada por bactérias, que é transmitida principalmente pelo ar, por meio da tosse ou espirro de pessoas infectadas. Afeta, sobretudo, os pulmões e pode evoluir para quadros graves se não tratada. Entre os sintomas mais comuns estão tosse persistente, às vezes com sangue, perda de peso, sudorese noturna e febre. O tratamento é realizado com o uso de antibióticos, disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive para a população carcerária.

Avanço na prevenção, tratamento e redução de casos

A população privada de liberdade é considerada um grupo de risco para tuberculose, com maior chance de contraí-la e evoluir para casos mais graves. Esse risco está relacionado às condições insalubres do cárcere, como a sobrelotação e a estrutura física dos presídios, que tornam esse ambiente propício à disseminação da doença. Quando ignorada, a tuberculose pode resultar em um alto número de óbitos, agravo que, desde 2020, a SMS tem se esforçado para solucionar.

Segundo Mário Mendes, coordenador de Promoção à Saúde e Programas Estratégicos da SMS, São Cristóvão assumiu o compromisso de aderir à Política Nacional de Saúde Integral da População Privada de Liberdade, com o objetivo político e social de levar assistência à saúde para essa população que, historicamente, vinha sendo negligenciada como parte do território do município. “Esse compromisso se deu também por entendermos que muitas das pessoas que visitam esse presídio são residentes da cidade. Portanto, garantir saúde dentro do cárcere também é uma forma de proteger a população que está fora, diminuindo o risco de transmissão da doença para o território”, destacou.

Mário Mendes, coordenador de Promoção à Saúde e Programas Estratégicos da SMS/ Foto - Dani Santos

Desde então, esses rastreios em massa têm surtido um efeito bastante positivo, com impacto direto na redução da incidência de novos casos de tuberculose dentro do Copemcan. “Comparado com o ano de maior incidência, que foi em 2023, tivemos uma redução de 85,78% na taxa de casos de tuberculose, um impacto bastante expressivo. A cada ano, conseguimos observar uma queda nos números. Combinando os rastreios a outras medidas práticas implementadas pelas equipes de saúde que atuam no local, vamos conseguindo, aos poucos, reduzir os casos, e, quem sabe, no futuro, eliminar de vez a tuberculose no presídio”, completou Mário.

Equipes de saúde eficientes

O rastreio anual de tuberculose, exigido pelo Ministério da Saúde, foi acelerado e facilitado pelas equipes de saúde do presídio, essenciais para que os milhares de presidiários presentes fossem atendidos. A ação foi planejada com base na capacidade diária de atendimento, com atividades divididas por pavilhão. Durante a triagem, os internos passavam por um fluxo organizado que incluía saída das celas, passagem pelo refeitório, aplicação do questionário e, na volta, vacinação, unindo prevenção e imunização em uma mesma ação.

A ampliação de profissionais da saúde trabalhando no Copemcan teve impacto significativo diante da superlotação e da alta demanda por atendimentos. Antes, o local contava com uma equipe de atenção primária ampliada e uma complementar com foco psicossocial. Recentemente, foi implantada uma nova equipe composta por médico, enfermeira, técnico de enfermagem, dentista, auxiliar de saúde bucal e psicólogo, o que permitiu uma reestruturação dos atendimentos.

Equipes de saúde do Copemcan/ Foto - Equipe SMS

“Formamos uma terceira equipe dedicada ao atendimento de porta de entrada, ou seja, ao acolhimento dos internos nos primeiros dias após a chegada ao complexo. Essa divisão possibilitou uma agenda organizada, como se fossem atendimentos domiciliares, além de garantir assistência imediata na admissão dos internos”, explicou Ariadny Santos, gerente da unidade de saúde prisional. Essa nova estrutura viabilizou um cronograma regular e organizado, com atendimentos semelhantes aos domiciliares e assistência imediata na admissão dos internos, o que melhorou toda a saúde coletiva do local.

Ariadny Santos, gerente da unidade de saúde prisional/ Foto - Dani Santos

Imunização em dia

Complementando a ação de rastreio, a coordenação de Imunização uniu forças para assegurar a prevenção contra doenças respiratórias, aplicando a vacinação contra a Influenza e Covid-19 na população do Copemcan. Foram administradas 2.454 doses contra Influenza, 2.438 contra Covid-19 e 14 policiais penais foram imunizados com as duas vacinas, o que equivale à cerca de 94% da cobertura vacinal do presídio.

Ana Therezinha Marques, coordenadora da Imunização em São Cristóvão, pontuou que ações de imunização são realizadas no Copemcan sempre que necessário, quando as equipes de saúde avaliam que o esquema vacinal da população privada de liberdade não está completa ou que algum deles sofre um acidente com materiais que possam causar tétano, por exemplo.

“A vacinação ocorre em outros momentos também, não só em campanha. Mas a vacinação em massa, em formato de campanha, acontece pelo menos uma vez ao ano, geralmente junto com a campanha contra a Influenza. Esse é o momento que aproveitamos para vacinar os privados de liberdade, já que eles são um grupo prioritário dentro do que é estabelecido pelo Ministério da Saúde. Então, aproveitamos essa ação da Vigilância em Saúde, que estava sendo realizada com foco na tuberculose e nos rastreios, e também fizemos a vacinação de toda a comunidade do Copemcan”, concluiu a coordenadora.

Ana Therezinha Marques, coordenadora da Imunização em São Cristóvão/ Foto - Heitor Xavier
Publicado por Clara Dias
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