24/06/2025

São Cristóvão celebra o Dia de São João com tradicional Festa do Mastro

Desde as primeiras horas do Dia de São João, celebrado nesta terça-feira (24), moradores de São Cristóvão já iniciavam a preparação para a Festa do Mastro, um dos eventos mais tradicionais dos festejos juninos do município, reconhecido em 2021 como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe. O cortejo começou com a pega do mastro, e seguiu em arrastão pelo Centro Histórico, animado pelo trio ao som do forró elétrico de Dudu Moral. À tarde, o comando musical ficou por conta do DJ Lucas Moura, para culminar no levantamento, decoração e queima simbólica do mastro na Estação Ferroviária, iluminada à noite por um espetáculo de fogos de artifício. 

Grupo de foliões transportando o mastro

A Festa do Mastro integra o ciclo junino e homenageia santos como São João, Santo Antônio e São Pedro. Na Cidade Mãe de Sergipe, seus rituais, que incluem a escolha, o corte, o transporte, e a queima do mastro, acontecem desde o século XIX e misturam raízes pagãs e cristãs em uma celebração marcada por fé, música, dança e união comunitária. Mais do que uma festa, é um símbolo da resistência e da continuidade de saberes populares.

Dudu Moral, que embalou o cortejo da festa
Os foliões também fizeram seu próprio som

“Acreditamos que isso é muito importante, porque a cultura de um povo é a forma que esse povo tem de se expressar. É o que inspira outras pessoas, é o que vai fazer com que as crianças que estão aqui hoje deem continuidade no futuro. Nós aprendemos com os adultos lá de trás. Hoje, somos os adultos que estão ensinando. E a cultura é isso, uma herança viva, uma maneira de se comunicar, de se emocionar, de celebrar. Essa é a nossa forma de mantê-la viva com música, dança e festa. É só alegria, é só felicidade”, afirmou Danillo Dorneles, um dos líderes da organização do evento.

Danillo Dorneles, organizador

Há 10 anos, o evento é conduzido pelo grupo Fogueterada, formado por 18 organizadores que cresceram acompanhando a tradição e hoje a mantêm viva com a força de muitas mãos. Segundo Renan Alves, um dos organizadores, o grupo se envolveu com o festejo desde a infância, ao admirar os mais velhos preparando a celebração. 

“Não é uma nem duas pessoas, é um coletivo que se reuniu com o propósito de fazer essa festa continuar existindo, com o mesmo brilho que a gente via na infância. E o que o público pode esperar hoje é uma festa muito bonita, feita com muito carinho. No ano passado já foi tudo maravilhoso, e este ano preparamos tudo com ainda mais dedicação. É uma celebração feita com amor à cultura e à nossa história”, enfatizou.

Renan Alves, organizador

A Prefeitura de São Cristóvão fornece um apoio essencial para a salvaguarda da festa, garantindo estrutura de som, iluminação, segurança, limpeza urbana e suporte aos artistas envolvidos. O prefeito Júlio Nascimento reforçou o papel das manifestações populares na vida da cidade, destacando a importância de apoiar movimentos como essa festa para a valorização da cultura local. 

“Celebrar o São João com essa força comunitária é manter viva a história do nosso povo. A prefeitura seguirá apoiando com orgulho cada tradição que fortalece São Cristóvão, pois, além de fortalecer nossa identidade, a Festa do Mastro movimenta a economia e atrai visitantes, estimulando o comércio e o turismo no nosso município”, afirmou o prefeito.

Júlio Nascimento, prefeito de São Cristóvão

Para Antonia Bispo, moradora do Centro Histórico que desde cedo participou da festa, o que a leva todos os anos a presenciar o cortejo e a queima do mastro é a tradição que permanece em sua família há gerações. “Meu avô era mestre de Caceteiras, e desde criança já venho nesse pique. Desde muito pequena venho à Festa do Mastro, que é maravilhosa, incrível e tudo de bom”, contou animada.

Antonia Bispo, moradora do Centro Histórico

Há 40 anos participando da tradição, Roberto Santos, morador da região, também realçou a alegria de ver o festejo permanecer vivo ao longo dos anos: “Essa tradição do Mastro já vem do tempo dos nossos pais, dos nossos avós. É uma coisa que vem sendo passada de geração em geração. A juventude vai crescendo e vai entrando nessa cultura também, vai acompanhando os pais, os tios, e assim a tradição vai se mantendo viva. O mais bonito é ver uma brincadeira sadia, em que todo mundo participa junto, em um momento de alegria, de união, que anima todo mundo”.

Roberto Santos, morador da região
Participantes da festa

Fotos: Dani Santos

Publicado por Clara Dias
Fotos por Dani Santos
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