A última sexta-feira (24) foi marcada pela celebração da cultura sergipana em São Cristóvão. A Praça São Francisco, patrimônio da humanidade, foi palco de uma noite especial em comemoração ao Dia da Sergipanidade, reunindo moradores e visitantes em um evento que exaltou as riquezas artísticas e tradicionais do estado.

A programação fez parte do projeto Cultura Por Toda Parte e integrou o Festival Sergipanidade, iniciativas do Governo de Sergipe por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e da Secretaria Especial da Cultura (Secult). Em São Cristóvão, o evento contou com o apoio da Prefeitura, através da Fundação Municipal de Patrimônio e Cultura (Fumpac).

O prefeito de São Cristóvão, Júlio Nascimento, destacou a importância da parceria com o Governo do Estado e o simbolismo de receber o evento na Cidade Mãe. “Essa parceria tem fortalecido nossa cidade no turismo, no comércio e, principalmente, no sentimento de pertencimento da população. A Sergipanidade nasceu aqui, e é muito significativo celebrarmos essa data em um espaço tão representativo como a Praça São Francisco, que é Patrimônio da Humanidade. Fico muito feliz em ver São Cristóvão cada vez mais viva e valorizada, e tenho certeza de que a população também se alegra ao prestigiar uma programação como essa.”

A presidenta da Fumpac, Paola Santana, reforçou o simbolismo de realizar o evento em São Cristóvão. “Estamos sempre prontos para receber projetos como esse durante todo o ano, mas comemorar o Dia da Sergipanidade aqui tem um significado ainda maior, por Sergipe ter começado em São Cristóvão. O reconhecimento do Estado ao realizar essa atividade neste local é algo muito especial, e esperamos que outras ações como essa aconteçam com frequência.”

O presidente da Funcap, Gustavo Paixão, ressaltou o papel do festival na valorização das tradições sergipanas. “Hoje é o dia em que celebramos nossa cultura e nossas tradições. É um momento que envolve gastronomia, artesanato e muita emoção. Sergipanidade é um termo que nos enche de orgulho, e estar aqui, na Praça São Francisco, esse berço da nossa cultura e Patrimônio Mundial da Humanidade, é algo simbólico. Tudo isso faz parte da proposta de interiorizar a cultura, que é um dos pilares do programa Cultura Por Toda Parte.”

Programação

A noite cultural começou com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse), que levou ao público o projeto itinerante Orquestra na Estrada. O repertório, dedicado inteiramente à música sergipana, incluiu composições como Sergipanidade, de Fabiano Santana; Viver Aracaju, de Ismar Barreto; Cheiro da Terra, de Cláudio Miguel e José de Gouveia; e Fazenda Velha, de Erivaldo de Carira.

O concerto encantou o público, sobretudo aqueles que assistiam a uma orquestra pela primeira vez. Foi o caso de Débora Thayná, estudante do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) da Rede Municipal. Moradora do povoado Parque Santa Rita, ela contou sobre a emoção de vivenciar a experiência. “Achei tudo muito lindo. É a primeira vez que vejo uma orquestra e gostei bastante. Esses eventos são muito importantes, porque nos permitem conhecer novas pessoas e experiências que antes não faziam parte do nosso cotidiano.”

Em seguida, o grupo Samba de Coco da Ilha Grande, liderado pela mestra Dona Madá, reconhecida como Patrimônio Vivo da Cultura Sergipana, levou à Praça São Francisco o ritmo e a tradição que marcam a identidade sancristovense. “Estou muito feliz em me apresentar hoje, nesse dia da Sergipanidade. Tenho muito orgulho de ver um evento como esse acontecendo em nossa cidade”, afirmou a mestra.

Encerrando a noite, o público acompanhou a exibição gratuita do documentário Morena dos Olhos Pretos, dirigido por Isaac Dourado, que narra a trajetória da cantora Clemilda, a eterna Rainha do Forró.

Fortalecimento da economia e turismo

Além da celebração cultural, o evento também movimentou a economia local. Barracas ofereceram iguarias típicas que fazem parte do paladar sergipano e sancristovense, como bricelets e queijadas, proporcionando uma experiência gastronômica completa. Artesãos locais expuseram seus trabalhos, revelando o talento e a criatividade de quem transforma a matéria-prima em arte e identidade.

Entre os expositores estava a artesã Marta Menezes dos Santos, integrante da Casa dos Saberes e Fazeres, que destacou a importância do evento para a geração de renda e valorização da cultura local. “Esses eventos são fundamentais porque ajudam a resgatar e divulgar nossa cultura. No meu trabalho, sempre procuro representar elementos da sergipanidade e fico feliz por ter esse espaço para mostrar o artesanato, que caminha junto com a música, a dança e todas as expressões culturais. É uma oportunidade para que todos possam apresentar sua arte e fortalecer a nossa identidade.”

Quem também aproveitou o evento foi o casal aracajuano Laura Santana e Gabriel Arimatea. Para Gabriel, o festival é uma forma de valorizar a cultura sergipana. “É muito importante valorizar a arte popular e as produções locais, que às vezes não têm tanta visibilidade. São manifestações que nos remetem à infância, à família, às lembranças do interior. Essa memória afetiva compartilhada é parte essencial da nossa identidade.”

Laura contou que se surpreendeu com a dimensão da cidade e com a riqueza cultural da programação. “É a segunda vez que venho aqui e realmente me surpreendeu muito. Sabia que era uma cidade histórica, mas não tinha noção da grandeza cultural. Nasci no Rio, moro em Aracaju há cerca de 20 anos, e cada vez que venho a São Cristóvão descubro algo novo.”

Fotos: Dani Santos