Projeto “Vozes, expressões e personalidades da nossa cultura afro” valoriza cultura afro-brasileira nas escolas municipais de São Cristóvão

A Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), vem desenvolvendo o projeto “Vozes, expressões e personalidades da nossa cultura afro”, proporcionando aos estudantes da rede municipal um contato direto com histórias, arte e figuras importantes da cultura afro-brasileira. Em paralelo a este projeto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inaugurou a exposição artística “Afrotextura”, que oportunizou aos alunos uma imersão na temática por meio das obras de arte, na última sexta-feira (05).

De acordo com a coordenadora de Diversidade Étnico-Racial da Semed, Maria Aparecida, o projeto vem promovendo diversas atividades que têm se mostrado fundamentais para enriquecer a formação dos alunos, em especial no que diz respeito à cultura afro e aos elementos que fazem parte da cidade e do cotidiano. “Já realizamos atividades nesse teor e teremos mais. Mas, aproveitando a oportunidade dessa exposição, achamos pertinente trazer os estudantes para o lançamento do espaço artístico, que dialoga com a expressividade da cultura afro no município”, afirmou.
A coordenadora acrescenta ainda que o objetivo da iniciativa “Vozes, expressões e personalidades da nossa cultura afro” é fortalecer uma educação antirracista, mas também uma educação que reconheça e valorize a arte do seu próprio povo. “Por isso, estamos mobilizando a rede de ensino para que os alunos tenham esse contato mais íntimo com os artistas e com produções da cultura afro-brasileira”, complementou Maria Aparecida.

Para o professor de Português da EMEF Gina Franco, Roberto Leite, que acompanhava a turma, a experiência é uma forma de ampliar os ensinamentos trabalhados em sala de aula. “É riquíssimo ter esse contato. Nossa intenção é que esse aprendizado vá além da visita, sendo expandido no ensino em sala de aula, onde eles poderão refletir e nos dizer o que aprenderam ao visualizar essas obras”.


A exposição é assinada pelo artista Juracy Júnior, que iniciou o projeto em 2006, quando ainda era aluno de Design na Universidade Tiradentes (Unit). Segundo ele, a proposta sempre foi trazer à tona questões polêmicas, como a apropriação de elementos da cultura africana pelo mercado de consumo, em especial pela indústria têxtil, sem dar o devido crédito a quem os produziu originalmente. “As imagens, as texturas e as referências que nascem da cultura afro-brasileira são muitas vezes desconsideradas, como se não tivessem origem, pai ou mãe. Minha proposta é justamente provocar esse debate e oferecer uma crítica a esse processo”, destacou.

O projeto foi um dos selecionados pelo edital da PNAB municipal, iniciativa que, para o artista, foi fundamental. “Essa ação do município de São Cristóvão, junto com toda a equipe da cultura, fortalece a produção artística local e abre espaço para que artistas e produtores culturais ocupem e valorizem os equipamentos públicos. Por isso, para mim, é um momento muito importante apresentar esse trabalho, que venho produzindo há anos, para a população daqui”, afirmou Juracy Júnior.
As obras expostas apresentam cores vibrantes que podem ser interpretadas como o “abrir dos olhos” acerca de uma cultura historicamente absorvida sem reconhecimento. “É reafirmar a importância de dar crédito, valor e visibilidade às matrizes culturais africanas”, acrescentou o artista.


A mostra ficará aberta até o final do mês de novembro, incluindo o período de realização do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc), que acontece de 20 a 23 de novembro. De acordo com o chefe do escritório técnico do Iphan em São Cristóvão, Thiago Santos, a exposição tem um significado especial para os estudantes e para todos que visitarão o local durante o festival, que terá início no Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
“É uma experiência riquíssima. A cultura afro é belíssima e precisa ser valorizada, permitindo que os jovens mergulhem nesse conhecimento sobre a África, sobre os afrodescendentes e sobre toda a riqueza dessa herança cultural. Outro ponto importante é que esses recursos ampliam o aprendizado. Na sala de aula, eles têm acesso à teoria, mas ao vivenciar isso de forma prática, o conhecimento ganha mais força e sentido. O contato direto com as obras e com a experiência visual contribui para que os estudantes se insiram cada vez mais nesse contexto cultural tão rico e necessário, podendo se reconhecer e se pertencer na história e na arte também”, finalizou Thiago Santos.

Fotos: Dani Santos
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