Programa Melhor em Casa leva qualidade de vida, dignidade e acolhimento a pacientes desospitalizados em São Cristóvão

A descrença na possibilidade de sua vida foi uma notícia dolorosa para a família do Sr. Orlando Bispo. Para os médicos que o atendiam em um hospital da capital sergipana, era o momento de mandá-lo para casa, pois assim dariam espaço para um paciente com mais chances de cura. No entanto, a dor da perda eminente se transformou em esperança e gratidão quando o Programa Melhor em Casa não apenas acolheu o Sr. Orlando, mas garantiu a sua reabilitação.
“Os médicos chegaram a desenganá-lo, disseram que ele iria morrer em casa, em outras palavras. Daí, eu tive o privilégio de conhecer o Melhor em Casa, que, com a benção de Deus, foi o que ressuscitou o Sr. Orlando”, emocionou-se Wedjane Rezende de Oliveira, nora e cuidadora do usuário do programa.

Assim como para a família de Wedjane e Sr. Orlando, cerca de 300 atendimentos domiciliares são realizados mensalmente pela equipe multidisciplinar do Melhor em Casa em São Cristóvão. Desde 2018, os pacientes contam com a assistência de médico, enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudióloga, psicóloga e três técnicas de enfermagem, assim como a supervisão da gerente do programa, que, além de consultas, ofertam insumos de acordo com as necessidades do tratamento e capacitam os cuidadores para continuar assegurando aconchego e qualidade de vida para os pacientes.
O Melhor em Casa é uma iniciativa do Ministério da Saúde implantada em diversos municípios com o intuito de oferecer o serviço de atendimento domiciliar a pacientes, evitando internações desnecessárias e reduzindo o tempo de hospitalizações. Entre outros objetivos, o programa garante a continuidade do cuidado humanizado após a alta, estimulando a autonomia de pacientes e cuidadores ao acolhê-los no seio do próprio lar. Além disso, o serviço ainda previne complicações e reinternações por meio do monitoramento em casa e fortalece a integração com a Atenção Primária à Saúde.
“Foi um atendimento com o maior carinho, com o acompanhamento de todos os profissionais: o médico, a terapeuta ocupacional, todos! Foi maravilhoso. Tudo assistido por eles. Nunca deixou faltar material, e sempre com muita atenção e carinho”, destacou Wedjane, que tem sido assistida a domicílio há um mês. Dessa forma, tanto o paciente quanto o sistema de saúde são beneficiados, uma vez que, por um lado, pacientes são expostos a menos infecções, menor estresse, recuperação mais rápida em casa e maior participação da família no cuidado. Por consequência, ocorre a otimização de leitos, redução de custos e redirecionamento de recursos a casos que exigem internação.

A gerente do programa no município, Adrielle Cardoso, reforça que o caso do Sr. Orlando é apenas mais uma entre tantas histórias que vêm sendo impactadas pelo trabalho da equipe: “Atuamos especialmente no processo de desospitalização, quando o paciente recebe alta, mas ainda precisa de cuidados por um período, mesmo que temporário, com o suporte completo da nossa equipe, que trabalha tanto para o bem-estar do paciente quanto para o apoio ao cuidador”.
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Esse trabalho é feito em todas as áreas do território sancristovense, incluindo o Centro Histórico, o Grande Rosa Elze e os povoados. Contudo, a gerente ressalta que existem critérios de avaliação para a admissão de cada paciente no programa. “A solicitação ocorre por via hospitalar quando o hospital dá alta ao paciente e recorre aos serviços do Melhor em Casa para entrar no processo de reabilitação ou cuidados paliativos. O serviço também pode ser solicitado pela equipe da unidade básica de saúde de referência do paciente. Após o chamado, realizamos a visita e avaliamos os critérios de elegibilidade”, explica Adrielle.
No caso do Sr. Orlando Bispo, que apresentava diversos problemas de saúde, como três lesões cutâneas de grau três e quatro, pneumonia e infecção generalizada, a equipe do Melhor em Casa solicitou que fosse feita uma reparação cirúrgica nas lesões. “O médico do hospital foi bem resistente e terminou dando alta mesmo sem estar apto a receber alta, de acordo com a avaliação feita no momento em que nós estivemos lá”, determinou a enfermeira que acompanha o paciente, Renata Mendonça, especialista em tratamento de lesão.

“Diante dos recursos, nós fomos tratando. A família também procurou comprar o material complementar. Hoje, o paciente está com uma lesão totalmente epitelizada, etapa crucial para a cicatrização, outra em processo de epitelização e a terceira melhorou para grau dois. Foi uma evolução inacreditável, considerando o quadro que o senhor Orlando apresentava no momento”, completou a enfermeira.
Esses resultados foram atingidos com visitas da equipe completa de saúde, que geralmente são feitas uma vez por semana à casa de cada paciente, mas podem acontecer mais vezes a depender do plano de cuidado prescrito pelos profissionais. “Fazemos a avaliação do paciente e, de acordo com a necessidade, fazemos a liberação do material. Depois encaminhamos o relatório com a necessidade do material para a UBS de referência do paciente. E aí, esses materiais ficam sendo liberados mensalmente”, detalhou a enfermeira Renata.

Outro movimento feito pela equipe do programa Melhor em Casa de São Cristóvão é o matriciamento de profissionais de hospitais e maternidades da capital e do estado, visitando esses locais para conhecer a demanda, alinhar discursos e estreitar o laço entre equipes, com foco em trabalhar de maneira colaborativa. O matriciamento é uma estratégia de cooperação entre duas ou mais equipes, que juntas constroem, de forma integrada, propostas de cuidado com foco pedagógico e terapêutico. Na Cidade Mãe de Sergipe, o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) se destacou por ser o primeiro no Estado a, de forma voluntária, procurar instituições para dialogar e realizar a busca ativa de pacientes que necessitam de atendimento.
Referência em atendimento domiciliar em Sergipe, São Cristóvão tem mostrado que, com uma equipe completa e comprometida, aliada ao cuidado amoroso de familiares e cuidadores, é possível transformar e salvar vidas dentro de casa. Histórias como a do Sr. Orlando são a prova de que o trabalho conjunto, feito com dedicação e humanidade, segue gerando resultados concretos, que continuarão a se multiplicar, dia após dia.
“Se ele estivesse no hospital, não teria a saúde que tem hoje, através do Melhor em Casa. Se tivesse continuado hospitalizado, o Sr. Orlando hoje não estaria vivo. Com a força e a coragem do médico, da enfermeira e das outras profissionais, Sr. Orlando chegou aqui. Sou muito agradecida a Deus, primeiramente, e ao Melhor em Casa, que é um programa maravilhoso”, concluiu sua nora, Wedjane, continuando o trabalho com gratidão.

Fotos: Clara Dias
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