A Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), celebrou o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado em 02 de abril,  com palestra e atividades educativas nesta sexta-feira (04), na EMEF Gina Franco. Através do Núcleo de Atenção Psicossocial e Pedagógico (NAPP), a palestra foi voltada para todo o corpo escolar e familiares dos alunos.

O NAPP foi criado com o objetivo de traçar estratégias de apoio às famílias, às crianças e aos estudantes, sejam eles crianças ou adolescentes, que apresentam alguma limitação no desenvolvimento ou na aprendizagem, embora não necessariamente precisem ter um diagnóstico formal.

“Pensamos o núcleo e suas ações dentro da perspectiva da diversidade, sempre com a finalidade de oferecer suporte às famílias e contribuir para os processos de aprendizagem das nossas crianças. Isso inclui tanto aquelas com algum tipo de transtorno, quanto aquelas que, mesmo sem diagnóstico, apresentam dificuldades ou deficiências em seu processo de aprendizagem”, explica Edcarla Soraia, coordenadora do NAPP.

A iniciativa de abordar a conscientização do autismo vem para reforçar o compromisso com a inclusão e a igualdade no âmbito escolar, bem como os sentimentos de empatia, respeito e cumplicidade entre todos. “A gente sabe que ainda existe muito preconceito, principalmente por parte dos próprios estudantes, no momento da acolhida. Isso acaba desencadeando outros fatores que vão além das limitações enfrentadas pela pessoa autista, como o bullying, por exemplo”, acrescenta Edcarla.

Para a gestora da EMEF Gina Franco, Nadja Ivone, o momento é ímpar. A escola foi pioneira ao integrar, no âmbito escolar, uma sala especial voltada para atividades que pudessem desenvolver ainda mais as habilidades dos alunos autistas e dos que apresentam alguma dificuldade no processo de aprendizagem. “Esse momento é muito importante para nós, porque é mais uma oportunidade de divulgar como devemos tratar os nossos alunos. Temos aqui, no turno da manhã, cerca de seis a oito alunos autistas, além de outros que apresentam alguma deficiência ou diferença. Eles se tornarão novos multiplicadores e defensores dos nossos alunos e de todos os autistas que, porventura, possam aparecer em suas vidas.”

A palestrante da atividade, Priscila Boaventura, é ativista pelos direitos de pessoas neurodivergentes e com deficiência, advogada, mulher com TDAH e mãe atípica. Em suas falas, ela abordou os desafios com esse público, o respeito e a inclusão, tanto nas escolas quanto no âmbito familiar. “Fiquei muito realizada, feliz e agradecida por estar aqui e falar com todos sobre esse tema, pois ainda temos muito para transformar. Aqui falamos sobre direitos, inclusão e sobre a experiência relativa à maternidade atípica.”

Alexandra Conceição, avó de Hugo — uma das crianças com TEA na escola — compartilhou o avanço do neto depois da participação dele nas salas interativas. “Ele era uma criança agressiva, não queria ficar na escola, não tinha amigos; mas hoje em dia tudo melhorou 100%. Ele é uma criança calma, gosta de vir à escola, tem amigos, ama os professores, e nós, como família, estamos sabendo lidar bem melhor com ele, algo que antes não sabíamos. O apoio que ele recebe aqui na escola, com os profissionais do NAPP, fez toda a diferença na vida dele e na nossa. E momentos como esse são super importantes, pois colocamos em pauta, para todos, a inclusão, o respeito e os direitos de todos. Eu sou muito agradecida a todos os envolvidos que têm esse olhar para as crianças com TEA e suas famílias.”

Fotos: Dani Santos