Prefeitura de São Cristóvão promove VII Seminário de Culturas Populares com foco na preservação das tradições

Na última sexta-feira (29), a Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal de Patrimônio e Cultura João Bebe Água (Fumpac), realizou o VII Seminário de Culturas Populares, que nesta edição teve como tema “Cultura Popular, Um Conceito em Movimento: Dinâmica que Ressignifica de Geração em Geração”. O evento aconteceu no auditório do Paço Municipal, reunindo pesquisadores da área e mestres da cultura popular de São Cristóvão e da cidade de Japaratuba.

A programação foi diversificada e voltada à valorização das manifestações culturais tradicionais e contemporâneas da cidade e do Brasil, como aponta a diretora municipal de Arte e Cultura, Elma Santos: “Nossa gestão segue firme com o compromisso de fortalecer, valorizar e debater a cultura do nosso município. É um privilégio receber importantes figuras da cultura popular nesse debate e ter jovens da cidade e de outras localidades interessadas nesse conhecimento, especialmente por nosso seminário destacar a transmissão desses ensinamentos para as próximas gerações”.

Com o objetivo de fomentar o debate e a reflexão sobre a cultura popular enquanto processo dinâmico que preserva a memória e fortalece a identidade coletiva, o palestrante prof. dr. Fernando Aguiar abordou a necessidade de superarmos a visão romantizada da cultura popular como algo exótico. “Precisamos pensar, de fato, na manutenção, na sobrevivência e na continuidade dessas manifestações, garantindo sua salvaguarda”.
O palestrante também destacou o papel do poder público: “propomos uma relação dialógica, que envolve o compromisso do Estado, do município e da União. Esse trabalho tem sido realizado por meio do Sistema Nacional de Cultura e de diversos editais, mas ainda enfrentamos um grande desafio: é preciso que esses editais sejam mais acessíveis e que os mestres possam preenchê-los de maneira efetiva, evitando a presença de atravessadores que acabam ficando com um percentual do que é produzido”.

A prof.ª dr.ª Neila Maciel também participou do evento e, em sua fala, ressaltou a importância de refletir e reconhecer as riquezas que temos ao nosso redor, seja na cidade, no estado ou no país. “Muitas vezes, estamos acostumados a ouvir falar apenas do que vem de fora. Percebemos que os espaços, seja no cinema, na televisão ou mesmo na música, estão ocupados por artistas que nem sempre falam a nossa língua diretamente, que não contam as histórias da nossa terra nem reforçam o nosso reconhecimento”.
Ela acrescenta que o seminário tem o papel de oportunizar a valorização, o reconhecimento e de fazer com que as pessoas se reconheçam nos mestres da cultura popular de onde vivem. “Mostrar, falar e refletir sobre quem nós somos, por meio desses fazedores de cultura, é essencial para que possamos nos reconhecer como cidadãos, como pessoas que possuem bens culturais enraizados, que constroem nossa identidade e fortalecem nossa autoestima”.

A mestra Madalena, do grupo Samba de Coco da Ilha Grande de São Cristóvão, destacou em sua fala que as pessoas são passageiras, mas a cultura permanece. “Hoje em dia não há nada que não seja cultura: cozinhar é cultura, cuidar da terra é cultura, pintar é cultura. É algo que fica; as pessoas se vão, mas ela permanece. Por isso, momentos como esse, que compartilham conhecimentos tradicionais, são fundamentais para que a cultura seja realmente imortal”.

O seminário contou com a presença de professores e estudantes da cidade de Japaratuba, da Escola Municipal João Prado, localizada no povoado São José. Acompanhando os jovens, o professor de Língua Portuguesa e Literatura, Luciano Accioly, aproveitou o seminário para a realização de uma aula externa.

“Esta é uma oportunidade única. Quando vimos a divulgação da proposta do seminário sobre memória, tradição e herança, pensamos em fazer uma aula diferente: uma aula com especialistas, doutores, que pudessem enriquecer esse debate. Trazer nossos alunos para discutir a importância da memória, do patrimônio e do legado é, na verdade, plantar uma semente. Queremos que eles aprendam a olhar para o seu próprio quintal, reconhecendo e valorizando tradições que, muitas vezes, passam despercebidas aos seus olhos no momento. São essas tradições, esses elementos do dia a dia, que constroem sua identidade e fortalecem seu sentimento de pertencimento”, destacou Luciano.

Acompanhando os alunos e professores, a mestra de cultura de Japaratuba, Marilene Moura, também acrescentou sua presença ao seminário. “Participar de momentos como este é sempre um aprendizado. Sou filha de pais brincantes e cresci com a vontade de viver a cultura popular, embora nem sempre tenha tido essa oportunidade. Hoje, me sinto livre para estar onde quero, participar e aprender cada vez mais. Esses encontros promovem troca de experiências, memórias e saberes que nos fortalecem”, concluiu.

Fotos: Dani Santos
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