Prefeitura de São Cristóvão apresenta projetos para Casas de Religião de Matriz Africana com foco em turismo e combate ao racismo religioso

A Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur), iniciou uma série de visitas às Casas de Religião de Matriz Africana para apresentar o Projeto Conexão e o Programa Rotas Negras, do Ministério da Igualdade Racial. O terreiro visitado na manhã desta quarta-feira (26), foi o Alarokê, localizado na Rodovia João Bebe Água.

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O Projeto Conexão é uma ação estratégica da Coordenação de Igualdade Racial da Semas, que busca integrar diversas secretarias municipais no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à população das Casas de Religião de Matriz Africana. “Além da Fundação de Cultura e Turismo, que está sendo essencial nessas visitas, pretendemos nos conectar com secretarias da Educação, Meio Ambiente, Saúde e outras pastas da Assistência Social. A intenção é trazê-los a estas visitas, para que conheçam o espaço, se aproximem da história ancestral presente e que sejam momentos de combate ao racismo e ao racismo religioso”, enfatiza Sandra Sena, coordenadora da ação.
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No encontro, a parceria com a Secretaria de Educação foi colocada como essencial, especialmente no tocante ao trabalho nas escolas, abordando a temática com os alunos, com os pais e responsáveis, além de todo o corpo escolar. “Não basta ser negro, precisa ser antirracista, e isso é conhecer que precisamos respeitar o outro como ele é, por isso o letramento racial é de extrema importância nesse projeto”, complementa a coordenadora de Igualdade Racial.
Durante a visita, também foi apresentado o Programa Rotas Negras, um projeto de turismo que visa promover e valorizar a história, memória e cultura afro-brasileira por meio de roteiros turísticos. Desenvolvido pelo Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (MIR) e pelo Ministério do Turismo (MTur), o programa busca gerar desenvolvimento econômico e inclusão social para comunidades afro-brasileiras, além de fortalecer o turismo cultural no Brasil.
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Segundo Sueline Monteiro, coordenadora de projetos e captação de recursos da Fumctur, as visitas aos terreiros são fundamentais para apresentar e informar que o município está se organizando para a implementação do programa. O objetivo é incentivar a participação dos terreiros na construção do afroturístico da Cidade Mãe de Sergipe.
“Além de promover a valorização da cultura afro-brasileira, buscamos combater o racismo e, especialmente, o racismo religioso. São Cristóvão já conta com diversos roteiros turísticos, como os de gastronomia e patrimônio, e queremos consolidar o afroturismo como uma parte essencial dessa identidade”, destaca Sueline.

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Territórios de Cultura e Educação
A ideia é que o programa não se limite apenas aos espaços religiosos, mas que qualquer local relacionado à afrocultura possa se tornar ponto turístico. São Cristóvão, com mais de 70 terreiros, é um exemplo de riqueza cultural que pode ser explorada turisticamente. Juraci Júnior, Babalorixá do Alarokê, manifestou apoio ao programa e enxerga a importância de transformar o terreiro como uma extensão do turismo, sendo uma forma de captar recursos para obras e manutenções de pessoas que vivem no espaço, seria mais uma forma de economia participativa, integrada ao município e à própria comunidade.
“O terreiro é um espaço de vanguarda. Para a sociedade, ainda somos um espaço que debruça temas polêmicos, entretanto, temos várias pautas que ajudam a sociedade a melhorar as relações humanitárias, as humanidades são postas à mesa em um terreiro e levadas em consideração”, compartilha Juraci.
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O Babalorixá compartilhou algumas ideias que podem ser inseridas no Programa por parte do terreiro como a realização de oficinas de artes, oficinas gastronômicas voltadas à culinária afro, teatro e danças dos orixás, além da construção de um hostel no espaço para que as pessoas possam vivenciar o máximo que puder do momento. “São várias atividades que podemos promover aos turistas que podem ajudar na educação, na vivência e entendimento do espaço histórico ancestral que são os terreiros”.
Maria Aparecida, integrante da sociedade civil do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, considerou a reunião produtiva tanto no sentido turístico, quanto acerca do letramento racial, oportunizando às pessoas o conhecer histórico, religioso de matriz africana, gastronomia e todas as possibilidades.
“Essa educação é fundamental, pois a ignorância é a raiz de todos os preconceitos. Por isso, abrir a casa para que as pessoas possam vivenciar uma experiência além de seus preconceitos e da visão distorcida que possam ter sobre uma religião de matriz africana é essencial. Acreditamos que, após essa vivência, as impressões serão diferentes. Acredito que essa abertura vai ser um instrumento poderoso no combate à ignorância, à discriminação e ao racismo religioso”, conclui Maria Aparecida.

Fotos: Érica Xavier
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