A Casa de Costura Dona Zil trabalha constantemente na formação e refinamento do artesanato do município, oferecendo oficinas e cursos de diferentes técnicas de costura e bordado para estimular a geração de renda e o enriquecimento da cultura local. Desta vez, participantes residentes da Cidade Mãe de Sergipe tiveram contato com a junção de duas formas artísticas por meio de uma oficina inédita de bordado em fotografia. Intitulado “Bordando Memórias”, o curso ministrado pelo artista visual e têxtil Sérgio Ricardo foi iniciado nesta terça-feira (10).

Nas manhãs dos dias 10, 11 e 17 de junho, as alunas terão contato com referências de artistas da área, técnicas de bordado em papel e imagens dos pontos históricos e manifestações culturais de São Cristóvão, imergindo em teoria e prática do fazer artístico. O resultado das atividades culminarão em uma exposição de fotografia bordada no dia 26 de junho, às 9h, no Paço Municipal.

Segundo a coordenadora de Inclusão Produtiva e Geração de Renda da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Leonia Silva, a oficina é mais um exemplo do compromisso de manter um olhar atento e sensível para Casa da Costura Dona Zil, observando  às necessidades das artesãs e de tantas outras mulheres que sonham em empreender no município. “Trazer essa novidade Bordado Memórias abre caminhos para que o talento local seja valorizado e impulsionado”, afirmou.

O bordado em fotografia é uma técnica artística que combina a imagem impressa com intervenções manuais feitas com linha e agulha. Por meio dela, é possível costurar diretamente sobre a superfície da foto, geralmente em papel fotográfico ou couchê, criando texturas, relevos ou desenhos que dialogam com os elementos visuais da imagem. Para fazer, é preciso primeiro imprimir a fotografia em papel grosso, planejar os pontos onde o bordado será aplicado e, com o auxílio de uma agulha, perfurar o papel antes de costurar com linha de bordado. A técnica permite sobrepor memórias, emoções e narrativas, adicionando camadas sensíveis e táteis à imagem fotográfica.

Ministrante da formação, Sérgio Ricardo ressaltou que essa é uma técnica nova para muitas artesãs, mas com o tempo elas poderão utilizar a própria experiência de trabalho para criar novas peças visuais no dia a dia. “O objetivo do curso é oferecer uma outra opção de trabalho e de arte. E, é claro, o bordado tem o poder de ser um elemento de autoestima. É terapêutico. Então, assim, eu vou tentar trazer para elas aquilo que o bordado me deu. Aquilo que a arte está me dando. Pretendo compartilhar e trocar experiências com essas pessoas, que têm muito a me ensinar, tanto quanto eu possa ensinar alguma coisa para elas”, detalhou o artista.

Oportunidade abraçada por mãos que bordam

Experiente em bordado e crochê, a artesã Cleomar Gondim nunca tinha experimentado bordar em fotografias, mas já tinha entrado em contato com a técnica ao ver uma exposição de obras desse tipo. “Quando vi a exposição da Casa Cosmos, achei muito interessante. Para mim, que faço bordado, é um design diferente. Agora para aprender e quero aprender. Vai ser um hobby e, sinceramente, também uma renda extra. Amei, gostei muito!”, evidenciou.

Lohane Honorato já fazia costura, mas também bordou em papel pela primeira vez. “Nunca tinha feito, foi surreal conhecer e está sendo maravilhoso. É uma coisa nova para mim, mas pretendo continuar fazendo e transformar isso em uma forma de trabalho”, animou-se a artesã.

Casa da Costura Dona Zil

A Casa da Costura Dona Zil é um equipamento da Assistência Social de São Cristóvão voltado à qualificação profissional da população. Criada em 2018 e reaberta após a pandemia em novo endereço em 2021, a iniciativa oferece gratuitamente cursos e oficinas de corte, costura, bordado, crochê e outras técnicas com tecidos. Aberta a moradores do município com mais de 16 anos, independentemente de gênero, a Casa já atendeu mais de 360 pessoas, incluindo artesãos locais, consolidando-se como um importante centro de aprendizado e transformação social.

Fotos: Clara Dias