Na terça-feira (06 de agosto), o grupo de música medieval e renascentista Renantique realizou um concerto-palestra para alunos da rede de ensino de São Cristóvão, como contrapartida da contemplação de seu projeto pela Lei Paulo Gustavo. O evento, que teve o intuito de promover cultura e educação para os jovens sancristovenses, aconteceu na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e contou com o apoio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur).

Na ocasião, os componentes do Renantique apresentaram instrumentos medievais, contaram o contexto histórico por trás das obras e performaram músicas de seu repertório. Essa contrapartida fez parte do projeto “Do Medievo ao Nordeste Armorial”, aprovado no edital nº. 004/2023 de Chamamento Público para Seleção de Projetos Artísticos e Culturais da Prefeitura de São Cristóvão por meio da Fumctur, que concedeu recursos da LeI Paulo Gustavo para a execução do trabalho.

O projeto tem como propósito a conexão entre a cultura ibérica da Idade Média com o movimento armorial, criado por Ariano Suassuna na década de 1970, com o objetivo de desenvolver uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro, por meio da música, arquitetura, dança, literatura, teatro e artes plásticas.

Para isso, foram produzidos dois concertos e um concerto-palestra para escolas da rede municipal de ensino de São Cristóvão, celebrando o aniversário do movimento armorial e os dez anos da morte de Suassuna. O primeiro concerto aconteceu na comemoração dos 50 anos do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, em maio deste ano. 

Segundo o diretor artístico e fundador do Renantique, Emmanuel Vasconcellos Serra, esses eventos são fundamentais tanto para mostrar o trabalho do grupo quanto para apresentar aos jovens instrumentos e técnicas aos que não costumam ser muito conhecidos entre eles.

“O Renantique tem uma trajetória de mais de 20 anos de caminhada em São Cristóvão, sempre presente em festivais, eventos na cidade, e igrejas, sendo parceiro do Museu de Arte Sacra há 28 anos, que é a idade do grupo. A importância do projeto está em mostrar e apresentar uma música que é distante no tempo e no espaço físico e geográfico para um público que não tem contato com isso no dia a dia. O grupo tem feito esse trabalho constantemente”, enfatizou o músico.

De acordo com Elma Santos, diretora de Cultura e Arte da Fumctur, a Lei Paulo Gustavo oportuniza aos artistas recursos para encaminhar suas carreiras e desenvolver projetos, e, para isso, as contrapartidas são essenciais para permitir um retorno social para a comunidade, proporcionando a todos a oportunidade de vivenciar a produção artística e cultural no município.

“Esse retorno pode ser experimentado de diversas formas, seja como espectadores de um espetáculo, como o do Renantique, ou através de uma atividade de formação que envolva cultura e arte de maneira mais ampla. As contrapartidas funcionam, portanto, como uma maneira de retribuir à sociedade, permitindo que a arte e a cultura sejam absorvidas de forma mais prática e próxima. Além disso, são os próprios artistas que sugerem suas contrapartidas. Eles propõem como pretendem retribuir à sociedade, garantindo que seu trabalho artístico contribua de forma significativa para a comunidade”, ressaltou a diretora.

Entre os espectadores do concerto, a estudante Beatriz Conceição, da escola Deputado Elísio Carmelo, destacou a relevância de receber todo tipo de conhecimento, principalmente da área da música, o que, para ela, foi uma experiência muito estimulante.

“Nós ouvimos música com frequência, mas geralmente não nos aprofundamos nela. Por exemplo, estamos em 2024, e escutamos principalmente músicas atuais. Quando ouvimos músicas antigas, da Idade Média ou de épocas contemporâneas, é algo totalmente diferente, algo que nunca ouvimos antes. E, principalmente, quando essa experiência vem acompanhada de conhecimento, torna-se ainda mais interessante. Isso é muito importante para nossa cultura”, defendeu a aluna.

Renantique

Com 28 anos de história, o Renantique difunde um amplo repertório da Idade Média e da Renascença, baseado em estudo e aprofundamento nessa temática por parte dos seus integrantes, principalmente voltado a obras da Europa Ocidental. Nos últimos anos, o grupo tem incluído em suas apresentações a música do Brasil colonial e imperial, além da América colonial espanhola.

Integram o Renantique o seu diretor artístico Emmanuel Vasconcellos Serra, o musicista sancristovense Alexandre Azevedo, a soprano Yasmin Bonifacio, e os tenores Dian Lucas e Ian Vieira. Entre os instrumentos performados pelo grupo, estão o alaúde renascentista, vihuela de mano, guitarra renascentista, viela de arco, oud, viola de gamba, bandolim napolitano, viola de arame, charango, harpa gótica, saltério de dedo, flauta doce, cromorne e percussão.

Fotos: Dani Santos