Festival de Artes de São Cristóvão promove discussões literárias durante os três dias de evento e aproxima leitores de grandes escritores

O Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) promoveu momentos para dimensão da cultura literária, de convergência e troca de experiências entre vários escritores durante os três dias de programação. O Salão de Literatura Manoel Ferreira, que ficou localizado na EMEF Gina Franco, destacou-se como um espaço interativo, com diferentes debates do universo literário e encontros com grandes escritores.
A programação contou com grandes nomes como Amara Moira, Socorro Acioli e Arnaldo Antunes, que abordaram suas visões sobre o fazer literário, o papel da escrita na sociedade e compartilharam aprendizados de suas carreiras, aproximando-se do público e criando um diálogo.

No primeiro dia de festival, última sexta-feira (29), Amara Moira participou da Mesa: Literatura corpo e memória, ao lado das escritoras Euler Lopes e Missandra Almeida, e considerou o feito magnifico e oportuno. “Uma alegria ter participado da mesa aqui do Fasc, em São Cristóvão, uma cidade que não conhecia. Trouxe minha obra "Neca" e foi uma ótima experiência compartilhar ela com todos vocês, amei a mesa, pude estar com a minha amiga Euler Lopes e conhecer o trabalho de Missandra Almeida, então, bora colocar essas obras para rodar o mundo!”


No sábado (30), o espaço literário recebeu a escritora Socorro Acioli, autora de livros como “A Cabeça do Santo” e “Oração para desaparecer”, e vencedora do prêmio Jabuti na categoria infantil com o livro “Ela tem olhos de céu”. Em sua fala, a autora abordou sobre dados que comprovam a queda no número de leitores no país, e afirma ser por motivo de distância que se impôs historicamente entre as produções culturais, os leitores e o povo. Antigamente, pensava-se que a leitura era algo para elite, mas isso foi sendo desconstruído com o tempo e eventos como esse tem extrema importância por mostrar que a literatura é acessível a todos.

“Hoje temos autores no Brasil inteiro, de todos os cantos, falando das histórias do país. Por isso, esse tipo de evento, que traz escritores de lugares diferentes para conviver conosco, é muito importante. É essencial para que as crianças entendam que a leitura é uma forma de se reconhecer, de se entender mais como brasileiro”, complementa Socorro.
Apesar de números apontarem queda na leitura no Brasil, a escritora afirma que nunca foi falado tanto sobre livros como acontece nos dias atuais, e isso é o passo efetivo para que esse número se tornem passado. “A leitura também é uma forma de diversão, assim como a música e outras formas de arte. Precisamos nos apropriar dela. Mesmo com o déficit de leitura, nunca se falou tanto sobre livros. A literatura está ganhando espaço, mudando histórias, e temos uma diversidade de escritores cada vez maior. Hoje, vemos mais mulheres escrevendo, mais mulheres negras, mais homens negros, pessoas de vários estados e cidades do Brasil, falando dos seus lugares, das suas regiões.”.

No último dia de festival, domingo (01), Arnaldo Antunes foi o escritor responsável por discutir sobre leitura e sobre a escrita. Com a Mesa - Palavra, som e imagem: poética do olhar de Arnaldo Antunes, o escritor e cantor abordou sobre poesia e letras musicais e quais são as suas relações. O escritor já passou por bandas como Tribalistas e Titãs, hoje segue carreira solo. No mesmo dia, à noite, Arnaldo Antunes realizou um show no Palco João Bebe Água, na Praça São Franciso, deixando todos com sentimento de nostalgia e satisfação em poder ver um ídolo que fez parte da infância e juventude de muitos.

"Sobre o significado de tudo isso, eu adorei poder, numa mesma cidade e num mesmo festival, falar um pouquinho de poesia à tarde e, à noite, cantar e fazer o show. Isso porque eu sou mesmo dessa mistura de linguagens e intensidades. Essa liberdade de transitar por várias áreas, religiões, modalidades de criação, faz parte do que eu sou. Gosto dessas misturas, e é muito bom estar em um festival onde posso atuar de formas diferentes. Isso reflete a minha vida como artista, doutora e criativa. Somos o que somos: inclassificáveis", aborda Arnaldo.

Público

O espaço recebeu um grande público nos três dias de sua programação. Para Leandro Oliveira, estudante de direito, o Festival é um evento que tem relação com as artes, e literatura, como uma arte em si, foi bem representada no Salão com os seus convidados. “Ter esse contato com uma autora tão famosa atualmente, como a Socorro Acioli, que está em alta, e poder trocar ideias, participar de uma conversa com o público de forma tranquila, em um espaço acolhedor, é algo muito especial”.

Edmilson da Silva, servidor público, elogiou a mesa com a presença de Arnaldo Antunes. "O Arnaldo Antunes é uma pessoa incrível, um ícone da música no cenário pop rock nacional. Eu o acompanho desde a época dos Titãs e também na sua carreira solo. Quando descobri que ele também é escritor e trabalha em diversos campos da arte, isso despertou ainda mais o interesse em prestigiar o trabalho dele e conhecer um pouco sobre o seu processo criativo."
"Acredito que essa é uma oportunidade excelente e uma ação muito assertiva por parte da gestão pública, seja municipal, estadual ou de qualquer esfera. As gestões públicas devem sempre fomentar ações culturais, pois isso enriquece a população. Quanto mais cultura, menos ignorância. Eu vejo isso de forma muito positiva”, complementa Edmilson.

Luide de Oliveira, cineasta, achou a iniciativa de aproximar o público dos artistas importante e especial. "Acho muito importante essas mesas que aproximam o público dos artistas, pois eles, de certa forma, consolidam o imaginário artístico brasileiro. Eu cresci com o Arnaldo Antunes, não apenas através da música, mas também pela literatura. Minha mãe é muito fã dele, então, de certa forma, foi uma necessidade estar aqui, diante dele. Ele foi uma presença importante durante a minha formação, tanto como pessoa quanto como artista."

Sobre o Fasc
O Fasc é organizado pela Prefeitura de São Cristóvão por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), Villela Produções, o Ministério da Cultura e o Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura. Maratá, Estrella Galicia, Coca-Cola, Caixa Econômica Federal, Governo do Estado, Instituto Banese, MTur/Sesc, Banco do Nordeste e Correios patrocinam o evento, que também conta com o apoio da SE - Sistema Engenharia, da Colortex e da RR Conect.
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