02/12/2024

Festival de Artes de São Cristóvão promove discussões literárias durante os três dias de evento e aproxima leitores de grandes escritores

O Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) promoveu momentos para dimensão da cultura literária, de convergência e troca de experiências entre vários escritores durante os três dias de programação. O Salão de Literatura Manoel Ferreira, que ficou localizado na EMEF Gina Franco, destacou-se como um espaço interativo, com diferentes debates do universo literário e encontros com grandes escritores. 

A programação contou com grandes nomes como Amara Moira, Socorro Acioli e Arnaldo Antunes, que abordaram suas visões sobre o fazer literário, o papel da escrita na sociedade e compartilharam aprendizados de suas carreiras, aproximando-se do público e criando um diálogo. 

Foto/Clara Dias 

No primeiro dia de festival, última sexta-feira (29), Amara Moira participou da Mesa: Literatura corpo e memória, ao lado das escritoras Euler Lopes e Missandra Almeida, e considerou o feito magnifico e oportuno. “Uma alegria ter participado da mesa aqui do Fasc, em São Cristóvão, uma cidade que não conhecia. Trouxe minha obra "Neca" e foi uma ótima experiência compartilhar ela com todos vocês, amei a mesa, pude estar com a minha amiga Euler Lopes e conhecer o trabalho de Missandra Almeida, então, bora colocar essas obras para rodar o mundo!”

Amara Moira - Foto/Fabrício Cruz 
Foto/ Yago de Andrade 

No sábado (30), o espaço literário recebeu a escritora Socorro Acioli, autora de livros como “A Cabeça do Santo” e “Oração para desaparecer”, e vencedora do prêmio Jabuti na categoria infantil com o livro “Ela tem olhos de céu”. Em sua fala, a autora abordou sobre dados que comprovam a queda no número de leitores no país, e afirma ser por motivo de distância que se impôs historicamente entre as produções culturais, os leitores e o povo. Antigamente, pensava-se que a leitura era algo para elite, mas isso foi sendo desconstruído com o tempo e eventos como esse tem extrema importância por mostrar que a literatura é acessível a todos. 

Foto/ Clara Dias 

“Hoje temos autores no Brasil inteiro, de todos os cantos, falando das histórias do país. Por isso, esse tipo de evento, que traz escritores de lugares diferentes para conviver conosco, é muito importante. É essencial  para que as crianças entendam que a leitura é uma forma de se reconhecer, de se entender mais como brasileiro”, complementa Socorro. 

Apesar de números apontarem queda na leitura no Brasil, a escritora afirma que nunca foi falado tanto sobre livros como acontece nos dias atuais, e isso é o passo efetivo para que esse número se tornem passado. “A leitura também é uma forma de diversão, assim como a música e outras formas de arte. Precisamos nos apropriar dela. Mesmo com o déficit de leitura, nunca se falou tanto sobre livros. A literatura está ganhando espaço, mudando histórias, e temos uma diversidade de escritores cada vez maior. Hoje, vemos mais mulheres escrevendo, mais mulheres negras, mais homens negros, pessoas de vários estados e cidades do Brasil, falando dos seus lugares, das suas regiões.”.

Socorro Acioli - Foto/Clara Dias 

No último dia de festival, domingo (01), Arnaldo Antunes foi o escritor responsável por discutir sobre leitura e sobre a escrita. Com a Mesa  - Palavra, som e imagem: poética do olhar de Arnaldo Antunes, o escritor e cantor abordou sobre poesia e letras musicais e quais são as suas relações. O escritor já passou por bandas como Tribalistas e Titãs, hoje segue carreira solo.  No mesmo dia, à noite, Arnaldo Antunes realizou um show no Palco João Bebe Água, na Praça São Franciso, deixando todos com sentimento de nostalgia e satisfação em poder ver um ídolo que fez parte da infância e juventude de muitos. 

Arnaldo Antunes - Foto/Clara Dias 

"Sobre o significado de tudo isso, eu adorei poder, numa mesma cidade e num mesmo festival, falar um pouquinho de poesia à tarde e, à noite, cantar e fazer o show. Isso porque eu sou mesmo dessa mistura de linguagens e intensidades. Essa liberdade de transitar por várias áreas, religiões, modalidades de criação, faz parte do que eu sou. Gosto dessas misturas, e é muito bom estar em um festival onde posso atuar de formas diferentes. Isso reflete a minha vida como artista, doutora e criativa. Somos o que somos: inclassificáveis", aborda Arnaldo. 

Foto/Clara Dias 

Público 

Foto/Clara Dias 

O espaço recebeu um grande público nos três dias de sua programação. Para Leandro Oliveira, estudante de direito, o Festival é um evento que tem relação com as artes, e literatura, como uma arte em si, foi bem representada no Salão com os seus convidados. “Ter esse contato com uma autora tão famosa atualmente, como a Socorro Acioli, que está em alta, e poder trocar ideias, participar de uma conversa com o público de forma tranquila, em um espaço acolhedor, é algo muito especial”. 

Leandro Oliveira - Foto/Clara Dias 

Edmilson da Silva, servidor público, elogiou a mesa com a presença de Arnaldo Antunes. "O Arnaldo Antunes é uma pessoa incrível, um ícone da música no cenário pop rock nacional. Eu o acompanho desde a época dos Titãs e também na sua carreira solo. Quando descobri que ele também é escritor e trabalha em diversos campos da arte, isso despertou ainda mais o interesse em prestigiar o trabalho dele e conhecer um pouco sobre o seu processo criativo." 

"Acredito que essa é uma oportunidade excelente e uma ação muito assertiva por parte da gestão pública, seja municipal, estadual ou de qualquer esfera. As gestões públicas devem sempre fomentar ações culturais, pois isso enriquece a população. Quanto mais cultura, menos ignorância. Eu vejo isso de forma muito positiva”, complementa Edmilson. 

Edmilson da Silva - Foto/Érica Xavier 

Luide de Oliveira, cineasta, achou a iniciativa de aproximar o público dos artistas importante e especial. "Acho muito importante essas mesas que aproximam o público dos artistas, pois eles, de certa forma, consolidam o imaginário artístico brasileiro. Eu cresci com o Arnaldo Antunes, não apenas através da música, mas também pela literatura. Minha mãe é muito fã dele, então, de certa forma, foi uma necessidade estar aqui, diante dele. Ele foi uma presença importante durante a minha formação, tanto como pessoa quanto como artista."

Luide de Oliveira - Foto/Érica Xavier 

Sobre o Fasc

O Fasc é organizado pela Prefeitura de São Cristóvão por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), Villela Produções, o Ministério da Cultura e o Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura. Maratá, Estrella Galicia, Coca-Cola, Caixa Econômica Federal, Governo do Estado, Instituto Banese, MTur/Sesc, Banco do Nordeste e Correios patrocinam o evento, que também conta com o apoio da SE - Sistema Engenharia, da Colortex e da RR Conect.

Publicado por Érica Xavier
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