Curso de Agentes Educadores Populares para mulheres marisqueiras é iniciado em São Cristóvão

As formações do Programa de Formação de Educadores Populares de Saúde em São Cristóvão foram iniciadas nesta sexta-feira (20), com o objetivo de levar informações sobre saúde para comunidades pesqueiras e rurais, priorizando a participação de mulheres marisqueiras. A iniciativa reuniu 50 participantes na EMEF José de Alencar Cardoso, no povoado Arame II, visando formar agentes multiplicadores em saúde dentro de suas comunidades.
O curso, que terá a duração de seis meses, é liderado por Sandra Sena, coordenadora de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), e Rejane Santana, educadora popular em saúde. O projeto é apoiado pelo Ministério da Saúde, após ser aprovado por meio de um edital da Fiocruz, em parceria com o Instituto Braços, e busca ampliar o acesso à saúde e fortalecer a inclusão social no município.
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Segundo Sandra Sena, que ainda atuará como uma das formadoras, as formações também incorporam um recorte racial, com a intenção de fortalecer a população negra sancristovense, em especial as mulheres. “Esse curso foi pensado para trazer conhecimento e empoderamento a essas mulheres, que são majoritariamente negras e vivem em comunidades locais. Estamos realizando o curso no Arame II, mas temos participantes de outras comunidades, como Kaipe Novo, Lauro Rocha, Colônia Miranda, entre outras”, destacou a coordenadora.

A ideia de realizar o curso na própria comunidade, de acordo com Sandra Sena, tem o objetivo de conectar as participantes ao seu ambiente e ajudá-las a entender cuidados básicos com a saúde, alimentação saudável e, principalmente, com elas mesmas e suas famílias. Além disso, buscamos valorizar o conhecimento ancestral que elas já possuem, como práticas de cuidado e uso de ervas medicinais.
Durante os seis meses, essas mulheres receberão uma bolsa de R$80,00, inicialmente destinadas ao transporte, mas que podem ser usadas conforme sua necessidade, já que a Prefeitura também disponibilizou transporte para facilitar a participação. Ao longo do curso, que terá aulas mensais, também haverá atividades de campo, como visitas aos manguezais, hortas e farmácias vivas, para reforçar a importância dos recursos naturais e dos conhecimentos que elas já cultivam em seus quintais.

Além disso, terão momentos de integração com as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para que elas compreendam o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e se tornem agentes de transformação em suas comunidades.
A educadora em saúde Rejane Santana realçou que a escolha das mulheres marisqueiras como público envolveu a preocupação com as condições de trabalho que enfrentam, que são específicas e desafiadoras, por passarem o dia inteiro no mangue, muitas vezes com roupas inadequadas ou molhadas, o que compromete sua saúde íntima e geral.
“São mulheres que, na maioria das vezes, são mães solo e sustentam suas famílias. O foco é ensiná-las a cuidar melhor de si mesmas, buscando recursos e orientações nas Unidades Básicas de Saúde e entendendo a importância de áreas como educação, assistência social e meio ambiente em suas vidas. Nosso objetivo é trazer protagonismo a essas mulheres, que em seis meses serão formadas como educadoras populares em saúde, prontas para atuar em suas comunidades e transformar realidades”, enfatizou Rejane.
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O coordenador estadual do Programa de Formação de Educadores Populares de Saúde, Wladimir Sérgio, pontuou que o curso visa qualificar pessoas envolvidas em movimentos sociais para atuarem como multiplicadores das políticas e práticas integrativas de saúde em suas comunidades. Em Sergipe, nove movimentos participam do projeto, com 23 turmas espalhadas por vários municípios.
“São Cristóvão é um dos municípios com maior número de projetos, contando com seis turmas compostas por 20 a 25 alunos cada. A meta é formar, em seis meses, cerca de 400 educadores populares, que serão responsáveis por multiplicar essas políticas e práticas de saúde em todo o estado de Sergipe”, detalhou o coordenador.

Comunidade engajada
A primeira aula do projeto contou com a plena assiduidade das 50 participantes, divididas em duas turmas de 25 alunas, que estavam animadas para iniciar o aprendizado sobre cuidados de saúde e já começaram a compartilhar suas próprias experiências e conhecimentos sobre ervas, chás e elementos naturais que costumam usar com objetivo medicinal.

Edneuza Pereira, servidora da Semas que também é marisqueira, mobilizou a comunidade para participar do curso, e afirmou que o cuidado da Assistência Social é cuidar dessas mulheres, entendendo suas dificuldades e realidades diversas. “Elas vivem da pesca, trabalham na maré, pegando caranguejo, sururu, aratu. A partir dessa vivência, surgiu a preocupação com o cuidado das mulheres, principalmente as mais vulneráveis do povoado”, frisou.

Para a pescadora Aldilene Santiago, moradora do povoado Caípe Novo, o curso foi uma ótima oportunidade de conhecimento: “É sobre entender os nossos direitos e as oportunidades que temos. Acho isso ótimo, muito importante. Em relação à saúde, ainda estou começando a aprender, mas acredito que vou absorver bastante conhecimento aqui. Acho muito bom, pois cada vez vou aprender mais”, animou-se.

Já a marisqueira Jilvania Ferreira, moradora do loteamento Lauro Rocha, mantém uma expectativa positiva com o que vai aprender nos próximos meses. “Como marisqueira, é muito bom que possamos aprender mais para passar as informações à nossa comunidade, e isso é bom para a população em geral. Eu quero aprender tudo o que as professoras aprenderam para sair daqui informada e estou muito feliz em participar desse curso”, concluiu.
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Fotos: Clara Dias
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