Criação literária e a força das narrativas femininas marcaram o segundo dia do Salão de Literatura Manoel Ferreira no Fasc 2025
O Salão de Literatura Manoel Ferreira segue como um dos espaços mais pulsantes do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc). Nesta sexta-feira (21), atingiu recorde de público ao receber o autor best-seller Raphael Montes para falar sobre criação literária. Em seguida, as escritoras e pesquisadoras Manuela Rodrigues e Jocelaine Oliveira dialogaram sobre o potencial da escrita feminina como caminho para salvar o mundo.
Um dos nomes mais celebrados da literatura policial contemporânea, Raphael Montes abriu o salão com a mesa “À beira do precipício: a criação literária”, mediada pela professora Pâmela Sampaio, e contou mais a fundo sobre sua trajetória com a literatura, a paixão por narrativas brasileiras e a inspiração para escrever histórias de suspense dramático. Segundo o autor de sucessos literários como “Suicidas”, “Dias Perfeitos” e “Jantar Secreto”, e também das obras audiovisuais “Bom Dia, Verônica” e “Beleza Fatal”, além de ficar animado com a oportunidade de estar no Fasc, entusiasmou-se com os trabalhos culturais acontecendo no Nordeste.
“Aqui tem muita literatura interessante, muita música, muita arte. Um festival que reúne tantas linguagens é muito valioso, porque cada arte acessa um lugar diferente, mas todos nós estamos, de alguma forma, sensíveis ao mundo. Então, participar não só da minha mesa, mas viver o festival, tem sido uma alegria”, afirmou.
Fazendo jus ao tema desta edição do Fasc, “Na cultura a gente se encontra", o autor ainda completou sobre como, para ele, o encontro mais valioso que a literatura oferece é com os leitores. “É por isso que eu gosto tanto de viajar para eventos: é a chance de materializar essa relação. Na livraria, o leitor compra meu livro sem me conhecer. Depois, ao ler, ele se torna uma espécie de cúmplice, porque eu conto a história, mas é ele quem imagina. É uma relação muito íntima”, completou.
O público engajado com as tramas policiais do autor animaram-se ao conhecê-lo e compartilharam a experiência de entrar em contato com sua obra. Uma das leitoras foi Vitória Barreto, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que tem “Jantar Secreto” como seu livro favorito do autor. “Depois disso, acabei me viciando: em cerca de um mês, li umas três obras dele. Muito obrigada ao Salão de Literatura por proporcionar esse momento tão único e incrível”, celebrou.
Em seguida, doutoras e autoras Manuela Rodrigues e Jocelaine Oliveira apresentaram a mesma “Escrita de mulheres para adiar o fim do mundo”, que propôs uma reflexão sobre como a escrita de mulheres pode melhorar um mundo atravessado pelo avanço das violências e pela constante retirada de direitos. A discussão abordou uma perspectiva fabulatória e insurgente, evocando referências de vozes cis, trans, negras, indígenas, chicanas e latino-americanas que reforçam a escrita como ferramenta de enfrentamento.
“A literatura possibilita o encontro com o outro e a construção do conhecimento mais crítico acerca da obra do mundo e do universo. Então, esperamos que o público aproveite bastante esse momento”, destacou Manuela Rodrigues, e Jocelaine acrescentou: “Nosso objetivo é mostrar como a literatura tem o papel transformador para nos devolver a humanidade e nos tornar mais críticos e reflexivos”.
Sala Mangue Jornalismo
Além da mesa principal, o espaço continuou a abrigar a Sala Mangue Jornalismo, que integrou a programação do salão com uma roda de conversa dedicada ao encontro entre jornalismo, literatura e arte sergipana. Participaram do debate Michel de Oliveira, jornalista, doutor em Comunicação (UFRGS), escritor e fotógrafo; Stella Carvalho, poeta e multiartista; Turvi, multiartista e arte educador; e Francielle Nonato, jornalista, fotógrafa e multiartista. A mediação foi de Valter Davi, repórter da Mangue, que conduziu a troca de ideias sobre os caminhos e a força da produção cultural sergipana.
A pluralidade do Salão de Literatura é resultado da curadoria de Gustavo Aragão, que há três anos coordena o espaço durante o Fasc. Para ele, o desafio de promover diálogos possíveis entre intelectuais, escritores locais e nacionais, estudiosos e pesquisadores é também o motivo de sucesso do salão, que cresce mais a cada ano. “A intenção é promover um debate atualizado sobre a literatura brasileira, sobre a literatura que se produz não só em Sergipe, mas no Brasil de um modo geral, primando sempre pela diversidade”, ressaltou.
O espectador Wesley Araújo aprovou as escolhas do dia, que fomentaram não só os debates, mas também a participação literária do público. “Hoje, por exemplo, vim para ver Raphael Montes, pois foi através das obras dele que voltei a ler. Saber que ele está aqui nesse espaço, que reuniu tantas pessoas, é extremamente importante e gratificante na mesma medida”.
A programação do salão de literatura Manoel Ferreira segue firme nos dias 22 e 23 de novembro, a partir das 14h, recebendo autores renomados como o jornalista Xico Sá, o poeta Sérgio Vaz e outros artistas.
Confira a programação:
Sábado (22/11)
14h - Luiza Romão e Débora Arruda. Tema: “Extra! Extra! Também temos pedras aqui!”/ Mediação: Stella Carvalho
15h - Sala Mangue Jornalismo - Roda de conversa sobre “Jornalismo e memória”
15h30 - Lançamento/Sessão de autógrafos dos autores
16h - Xico Sá e Sérgio Vaz. Tema: Palavra, literatura e ruptura”/ Mediação: Allan Jonnes.
17h - Lançamento/Sessão de autógrafos dos autores
Domingo (23/11)
14h - Izabel Nascimento e Bruxas do Cangaço. Tema: “Literatura de Cordel e Hip Hop”/ Mediação: Ísis da Penha
15h - Sala Mangue Jornalismo - Roda de conversa sobre “Jornalismo, literatura e palestina”
15h30 - Lançamento/Sessão de autógrafos dos autores
16h - Roda Fasc de Poesia com Pedro Bomba, Débora Arruda, Bruxas do Cangaço, Izabel Nascimento, Bell Puá, Gustavo Aragão, Luiza Romão, Allan Jonnes e Stella Carvalho
Sobre o Fasc
Com o tema “Na cultura a gente se encontra”, a 40ª edição do Fasc contará com 11 espaços multiculturais que proporcionarão uma experiência completa e imersiva em diversas linguagens artísticas, como música, teatro, dança, literatura, artes visuais, cinema e outras, em uma grande celebração da riqueza cultural de São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil.
O Festival de Artes de São Cristóvão é apresentado pelo Ministério da Cultura, com realização da Prefeitura de São Cristóvão, por intermédio da Fundação Municipal do Patrimônio e da Cultura João Bebe Água (Fumpac) e do Encontro Sancristovense de Cultura Popular e Outras Artes (ESCOA); Governo do Estado de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) e Governo do Brasil. O Festival conta ainda com patrocínio da CELI, Banco do Nordeste, Iguá Sergipe, Ecoparque Sergipe e CAIXA. O apoio fica por conta da SE – Sistema Engenharia, Colortex Tintas, Unir Locações e Serviços e Vitória Transportes.
Fotos: Clara Dias
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