A Secretaria Municipal de Saúde de São Cristóvão (SMS) tem reforçado as ações de combate à Leishmaniose durante a campanha de Agosto Verde, mês voltado à conscientização para prevenir a doença. Nesta segunda-feira (11), uma mobilização multissetorial levou ao povoado Cardoso testagem de animais e informações sobre como evitar a contaminação. Buscando o fortalecimento na cobertura de saúde da zona rural, amanhã (12), a mesma ação, que já aconteceu no Centro Histórico e no bairro Eduardo Gomes, será realizada no povoado Feijão.

Testar animais para a Leishmaniose de maneira frequente é uma medida fundamental para a saúde deles e dos humanos, uma vez que a transmissão acontece quando o vetor, conhecido como mosquito palha, transmite o protozoário Leishmania chagasi no momento em que ele pica cães ou outros bichos infectados e depois pessoas ou animais sadios, causando a Leishmaniose Visceral, conhecida como calazar. Esse é o tipo mais comum e mais grave da doença, que compromete órgãos internos, resultando em febre prolongada, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, anemia, e em casos mais delicados pode chegar à disfunção renal, hepática, e hemorragia, o que leva ao óbito em 90% dos casos. 

Apesar do foco principal no calazar por conta de sua gravidade, a campanha de Agosto Verde também abrange o segundo tipo de Leishmaniose, chamado tegumentar, que afeta a pele e mucosas, causando feridas que podem atingir nariz e boca. Para Daniella Fraga, coordenadora da Vigilância Ambiental de Saúde do município, é levando informação e orientação para a comunidade que a rede de saúde municipal terá mais eficácia na prevenção à transmissão.

“Nossas equipes da Vigilância Ambiental estiveram nas ruas realizando visitas domiciliares, orientando sobre a importância de manter o ambiente limpo, evitar acúmulo de matéria orgânica e realizar o teste rápido nos cães para diagnóstico precoce. É fundamental que a comunidade participe ativamente, abrindo as portas para os agentes, cuidando de seus animais e seguindo as orientações. Assim, juntos, conseguimos proteger a saúde de todos e reduzir os riscos dessa doença no nosso município”, reforçou a coordenadora.

O exame animal é realizado por meio da coleta de uma pequena amostra de sangue da veia, seguindo duas etapas. Primeiro, aplica-se um teste rápido no próprio laboratório, com resultado imediato. Se for reagente, o restante da amostra é encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) para um exame mais específico, cujo resultado final é liberado apenas após a conclusão da análise. No momento da testagem, também é feito o cadastro com informações do tutor e do animal. Nos casos positivos, a SMS orienta a melhor maneira de buscar tratamento.

Segundo o supervisor dos agentes de combate a endemias (ACE), Nelson Filho, muitas vezes, a população não sabe como acontece o ciclo da doença, como os animais e também os humanos podem ser infectados. O próprio ambiente pode favorecer a proliferação do flebótomo, inseto transmissor da leishmaniose, principalmente em locais com matéria orgânica em decomposição. “Há também a confusão com outros vetores, como o Aedes aegypti ou o mosquito comum, mas a forma de proliferação do flebótomo é diferente. Quando levamos essas informações, a população costuma agradecer, dizendo até que já viu o mosquito, mas não sabia que era aquele”, destacou.

O morador José Adelmo Santos levou seu cãozinho Panta para ser testado e vacinado e reafirmou a importância de ter ações como essa no povoado, pois é uma região onde se encontram muitos cães que andam soltos na rua e precisam ser cuidados. “Isso também evita que tragam doenças para as pessoas e para nossos bichinhos”, afirmou.

Já Cleide Santos, tutora dos cães Charloc e Chaiene, destacou a facilidade que a testagem itinerante proporciona a ela e seus animais, porque levá-los ao centro seria financeiramente custoso: “A prefeitura vindo até nós é melhor ainda, por conta da lonjura. Assim, todo ano eu consigo trazer meus cachorros para fazer exame e receber vacina”.

Prevenção multissetorial em saúde

Em complemento às atividades contra a Leishmaniose, a Vigilância Ambiental em Saúde aproveitou para atualizar a vacinação antirrábica de cães e gatos, pois, mesmo antes do início da campanha anual contra a raiva, os profissionais avaliaram a importância de garantir o acesso aos imunizantes para a comunidade, que fica mais distante do centro urbano da cidade. As equipes de vigilância também fizeram a busca ativa domiciliar para focos de transmissão de dengue, zika e chikungunya, assim como para focos de caramujos, visando prevenir também a transmissão de esquistossomose. 

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Manoel Juvino Santos, referência do povoado, foram ofertados testes para esquistossomose, além de testagem rápida para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). De acordo com a gerente da UBS, Joelma Seara, foi feita uma busca ativa para mobilizar a comunidade, convidando-a a participar da ação. 

“A comunicação direta com a comunidade é bastante efetiva. Mantemos grupos de mensagens com pessoas dos 10 povoados que somos responsáveis. Não devemos só cuidar de quem está doente, mas sim fazer a prevenção e a promoção de saúde. Então é nesse objetivo que a gente busca essas ações e parcerias, para que a nossa população tenha qualidade de vida”, defendeu a gerente.

A paciente Maria Celma Santos achou muito positivo ser atendida em uma ação com múltiplas frentes sendo combatidas, o que, para ela, é muito importante para manter a saúde de toda a vizinhança em dia. “Foi muito bom, nota 10. Eu costumo vir sempre aqui na Unidade porque tenho encaminhamento médico constante, já que tive câncer. Moro aqui perto e estou achando tudo ótimo. É bom saber que toda a população local está sendo cuidada”, alegrou-se a moradora.

Fotos: Heitor Xavier