Vacinas contra a covid-19 atravessam o rio Vaza-Barris para imunizar quilombolas da Ilha Grande

O barco pesqueiro que diariamente faz a travessia entre a Ilha Grande e a cidade de São Cristóvão atracou nesta quinta (8) no conhecido Porto do Dedé, no povoado Pedreiras, para fazer a travessia de uma carga nunca antes realizada. Desta vez, a embarcação do barqueiro Eliziário dos Santos, morador da região, transportava uma equipe de saúde da família junto as tão esperadas vacinas contra a covid-19.
Para ele, levar as vacinas para sua comunidade foi uma tarefa bastante gratificante. “Me sinto muito feliz em ter trazido a vacina para a Ilha. Agradeço ao SUS, às enfermeiras, à equipe. Para mim foi muito gratificante”, afirmou.
.jpeg)
A equipe de saúde da família, formada por uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e uma agente comunitária de saúde, realizou a imunização de toda a população quilombola maior 18 anos residente na ilha. Ao todo, foram vacinados 30 quilombolas, entre homens, mulheres, jovens e idosos cadastrados para receber a vacina após serem integrados ao Plano Nacional de Imunização como grupo prioritário.
A primeira pessoa vacinada da ilha foi Luciene Santos Leal: “Para mim é um privilégio ser a primeira vacinada do nosso povoado de Ilha Grande. Isso é muito importante, ainda bem que chegou entre nós, fico feliz por já ter tomado a vacina”, disse ela.
.jpeg)
Luciene Santos Leal
Entre os vacinados também estava dona Maria Madalena dos Santos, 75 anos, marisqueira e líder comunitária da região. “Nasci e me criei aqui. Tive 14 filhos aqui. Passei um tempo fora, mas voltei para minha ilha, que é muito boa. Não troco aqui por cidade ou lugar nenhum, aqui é um paraíso. Aqui nós vivemos muito felizes”.
“Agora que nos vacinamos vamos aguardar a segunda dose, e enquanto tiver médicos, enfermeiros e vacinas, aceitamos que venham a ilha. Agora o samba vai voltar”, afirmou ela sorrindo.
.jpeg)
Dona Maria Madalena dos Santos, 75 anos
A enfermeira Guadalupe Nicácio reforça que há uma dificuldade no acesso dessa população à unidade de saúde mais próxima, assim como há também dificuldade da equipe de saúde se locomover até a ilha, no enquanto, realizar a vacinação dessa população foi uma ação muito importante. "A população quilombola está sofrendo bastante nesse período de pandemia. E a vacina aguardada há tanto tempo, desde o início da pandemia, é a esperança que toda a população do mundo espera para colocar um ponto final nessa pandemia. É a esperança de todos nós, e para eles não é diferente. Trazer essa vacina, essa dose de esperança para essa população que é tão carente de atenção e acesso à saúde, é muito gratificante para mim enquanto profissional de saúde", ressaltou ela.
.jpeg)
Equipe de saúde da família formada por Guadalupe Nicácio (enfermeira), Vanessa Porto (técnica de enfermagem) e Valéria Ferreira (agente comunitária de saúde).
Uma comunidade quilombola é formada por descendentes de pessoas escravizadas, que se refugiavam em quilombos durante o regime escravocrata que perdurou por mais de 400 anos no nosso país. Em Ilha Grande, vivem atualmente 35 quilombolas.
.jpeg)
“Essa vacina era esperada por todos. Nós somos um povoado pequeno e temos que nos cuidar. Os moradores aqui na maioria são todos idosos e somos poucos jovens. Tomamos a vacina para proteger todo mundo, principalmente os idosos da ilha. A gente não podia sair para lugar nenhum, só comprar comida e voltar. Agora é só felicidade”, afirmou Letícia Leal, 19 anos, estudante.
.jpeg)
Letícia Leal, 19 anos, estudante
A previsão da secretaria de saúde de São Cristóvão é retornar à ilha em 8 e julho, após o período de 3 meses, para a aplicação da segunda dose da vacina AstraZeneca.
.jpeg)
Ilha Grande, São Cristóvão (SE)
Fotos: Heitor Xavier
Recentes
Notícias recentes de Saúde

São Cristóvão realiza Dia D de vacinação contra a Influenza no próximo sábado (10)

Prefeitura de São Cristóvão oferta exames preventivos e atendimentos de saúde da mulher na ação “Mulheres que Inspiram”
