06/03/2023

SEMAS realiza Seminário "Combate ao Racismo Estrutural" para sensibilizar funcionários do município

O Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial é celebrado em 21 de março, para reconhecer a batalha e as conquistas de direitos sociais para a população negra. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao Massacre de Sharpeville, que ocorreu na África do Sul em 1966 e deixou 69 vítimas fatais.

No Brasil, a luta contra a discriminação racial se intensificou após a Constituição Federal de 1988, que incluiu o crime de racismo como inafiançável e imprescritível. Contudo, por ser um avanço recente, o racismo ainda exige políticas de inclusão mais eficazes, além do cumprimento efetivo da legislação para coibir tais práticas e proteger a sociedade como um todo.

Durante toda a segunda-feira (06) servidores públicos municipais se reuniram no Fórum Desembargador Gilson Goes Soares para discutirem sobre “A importância dos Direitos Humanos no Combate ao Racismo Estrutural na Defesa da Democracia Brasileira” no Seminário Combate ao Racismo Estrutural.

Lucianne Rocha, secretarária de assistência social

Na mesa de abertura a secretária de Assistência Social, Lucianne Rocha, falou sobre os esforços que a Semas vem fazendo para diminuir os atos de racismo enraizados no serviço público. “A gente quer discutir processos de formação para alcançar todos que estão a frente da assistência, para terem como princípio não discriminar ninguém: pretos, pardos, mulheres... Vamos além de uma cartilha, vamos modificar práticas e reproduzir no local de trabalho”, disse a secretária.

Prefeito Marcos Santana

O prefeito Marcos Santana também falou na abertura convocando todos os servidores a serem antirracistas: “a importância desse seminário é que a gente precisa discutir a cada momento, a cada gesto nosso, na nossa família, no nosso trabalho, porque isso é estrutural na nação brasileira e a gente precisa aproveitar esses seminários, essas discussões para que, de uma vez por todas, a gente acabe com o racismo no Brasil. Portanto, quero que hoje a gente possa aprender ainda mais que não basta não ser racista, temos que ser antirracista”.

Thaty Menezes, vice-presidente da UNEGRO

Antes do primeiro palestrante do dia Thaty Meneses, vice-presidente da UNEGRO Sergipe e coordenadora da Igualdade Racial na Diretoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Aracaju, se apresentou recitando o poema Repara que conclui lembrando que a palavra reparar significa notar, observar, mas também consertar, indenizar e que cada interpretação depende do lugar de cada um.

Prof. Dr. Ilzver de Matos

A palestra “A importância dos Direitos Humanos no Combate ao Racismo Estrutural na Defesa da Democracia Brasileira” ficou sob a responsabilidade do prof. Dr. Ilzver de Matos Oliveira, diretor de Direitos Humanos da Prefeitura de Aracaju, doutor em Direito e ativista do movimento negro e de povos de terreiro em Sergipe. Ele começou dizendo que realizar eventos como o seminário é considerar importante a questão racial e que a presença do prefeito dá a dimensão e o objetivo de levar a sério o problema do racismo. Ilzver lembrou que o estado de Sergipe e a cidade de São Cristóvão tem um percentual de população negra muito acima do percentual da população do país. Enquanto o Brasil tem hoje em torno de 56% de população negra, aqui acumulamos 80%, sendo o quarto estado mais negro do nordeste brasileiro, só perdendo nessa ordem para Maranhão, Piauí e Bahia.

“Que força são essas que fazem com que a gente mesmo sendo maioria da população, mesmo sendo maioria no grupo de pessoas que acessam os serviços públicos, temos menor consideração. Que forças são essas? É por isso que a gente precisa levar a sério todas essas questões, por que falar sobre o racismo como uma brincadeira? Por que falar sobre esse tema sempre foi considerado algo chato? Algo que provoca conflito? Quando a gente conversar sobre o racismo, vamos falar sobre ele de forma séria e é isso que falta, mas eu sempre gosto de falar a partir de Conceição Evaristo que é uma grande personalidade brasileira. Sobretudo na área da ciência, da literatura, porque ela criou uma metodologia da escrevivência. Eu considero que é muito interessante para a gente dialogar e ouvir. Preciso falar sobre isso, porque essa forma de a gente falar sobre a escrevivência abre portas para que a gente fale sobre o nosso cotidiano, sobre as nossas lembranças, sobre a nossa experiência de vida, individual ou coletiva, enquanto uma pessoa negra no Brasil”, explicou o professor.

As mesmas discussões continuaram no horário da tarde para servidores que não puderam comparecer no período da manhã.

Fotos: Dani Santos

Publicado por Yago de Andrade Santos
Fotos por Dani Santos
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