21/03/2025

São Cristóvão sedia o 10º Festival Internacional de Cinema de Arquivo com exposições de filmes locais

Nesta sexta-feira (21), São Cristóvão foi a cidade escolhida para o 10º Arquivo em Cartaz - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, no Cine Theatro Imaculada Conceição. O evento foi promovido pelo Arquivo Nacional, tem o apoio da Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur) e do Arquivo Público Municipal. A Cidade Mãe de Sergipe foi escolhida para iniciar um circuito do festival pela região Nordeste que se estende até junho de 2025. 

Com a temática “Memórias da Terra em Filmes de Arquivo”, o evento teve o objetivo de  refletir sobre as interações entre a humanidade, o meio ambiente e a memória coletiva, promovendo um espaço de diálogo sobre preservação audiovisual e o papel do cinema na construção da memória histórica. São Cristóvão é uma das três cidades do Nordeste a ser contemplada com a programação, ao lado de Natal (RN) e Salvador (BA), e se junta a outras sedes como Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Santa Maria (RS) e Manaus (AM).

A diretora-geral do Arquivo Nacional, Mônica Lima, explicou que a escolha por começar o circuito em São Cristóvão se deu pela história do município e pela referência nacional para o campo de arquivos que o município possui. “O Arquivo de São Cristóvão possui uma gestão exemplar na preservação de documentos, garantindo a salvaguarda da memória e reforçando a importância histórica da cidade para o Estado e para o país. Esses fatores tornam esse espaço uma verdadeira referência”, pontua.

“Além disso, a parceria com a prefeitura local para a realização do evento enriquece ainda mais a iniciativa, especialmente ao ocupar espaços centenários, como este local onde nos encontramos hoje. Isso acrescenta ainda mais brilho ao festival, e o Arquivo Nacional tem a grande honra de compartilhá-lo com seus parceiros locais”, compartilhou Mônica.

Mônica Lima, diretora-geral do Arquivo Nacional

Para Franciele Rocha, coordenadora-geral de Relações Institucionais no Arquivo Nacional e coordenadora do Projeto Arquivo em Cartaz do Arquivo Nacional, a escolha de São Cristóvão vai além da sua história e sua exemplar administração no Arquivo Municipal. “Essas entidades foram escolhidas por demonstrarem o interesse na participação, na ampliação da participação social, um comprometimento com a preservação de acervos audiovisuais e sonoros, uma preocupação também com fazer circular o patrimônio documental, com a temática das questões ambientais e sobretudo com a valorização com os da terra, com os produtores dos saberes e fazeres populares da própria comunidade”. 

Franciele Rocha, coordenadora do Projeto Arquivo em Cartaz do Arquivo Nacional

Segundo a coordenadora, o objetivo é conseguir reunir diferentes setores e públicos em torno dos principais propósitos do projeto: a gestão documental, a preservação patrimonial e o acesso da população à história e à memória. O objetivo é que essa documentação chegue às pessoas, permitindo que se apropriem dela e contribuam para sua preservação ao longo das gerações. “Para nós, é uma alegria imensa sermos recebidos por São Cristóvão e ver este salão lotado de crianças, adolescentes e jovens. Eles representam não apenas o presente, mas também a esperança e o futuro da preservação da nossa memória”, adiciona Franciele Rocha. 

E seguindo essa linha de pensamento, Adailton Andrade, diretor do Arquivo Público Municipal de São Cristóvão, compartilha que o espaço, hoje em dia, vive outro momento. Para além da parte administrativa, o equipamento não se resume apenas ao armazenamento de documentos, ele possui o dever de dialogar com a população, ficando de portas abertas à visitação da população. “Mais do que um espaço de vanguarda, o arquivo é um local de memória, de direitos e de preservação. Atualmente, ele está aberto à visitação e conta com documentos históricos que remontam ao século XIX e à década de 1920. É essencial esse diálogo com a população, especialmente com aqueles que, no passado, tiveram suas vozes silenciadas”, ressalta. 

Adailton Andrade, diretor do Arquivo Público Municipal de São Cristóvão

Na programação, estavam presentes filmes e documentários de produtores locais tratando da história de Sergipe. Neto Astério, coordenador de Cultura e Arte da Fumctur, foi responsável pela curadoria dos trabalhos exibidos. “O festival já possui um grande acervo disponível online e aqui a gente fez uma curadoria específica. Exibimos um filme de 1975, uma gravação antiga de São Cristóvão e outro do século passado que mostra a cidade de Laranjeiras. Então com esses filmes a gente quer mostrar a importância de se gravar, de se registrar esse território, esse lugar, essas cidades, para que essa memória permaneça. A intenção é que o Arquivo Público Nacional continue em diálogo aqui com o município e a gente possa fazer isso mais vezes”. 

Neto Astério, coordenador de Cultura e Arte da Fumctur

O coordenador defendeu a questão do cinema ser uma arte intangível, que permite a imaginação do público, o toque sensível em relação ao sentimento de pertencimento a todos aqueles que foram prestigiar o evento na cidade. “O cinema é uma arte intangível, que não podemos tocar, mas que nos permite imaginar e sonhar. Espero que as crianças e adolescentes aqui presentes nunca deixem de sonhar e de buscar seus objetivos, pois a arte e a cultura nos ajudam nesse processo. O cinema também tem o poder de valorizar uma cidade, tornando-a reconhecida”, enfatiza Neto. 

Público 

O evento era aberto ao público e como atividade complementar a disciplina de Educação Patrimonial, fizeram-se presentes alunos da Rede Pública Municipal. Para o Wendel Roberto Silva, professor de Educação Patrimonial da EMEF Gina Franco, a oportunidade de levar os jovens a um evento como este é valiosa. “O evento contribui para o conhecimento dos alunos sobre sua própria cidade, seus pontos históricos e seu patrimônio cultural. Além disso, essa experiência ultrapassa os muros da escola, permitindo que eles compartilhem esse aprendizado com familiares, amigos e multiplique cada vez mais essa temática entre as pessoas da comunidade”. 

Wendel Roberto Silva, professor de Educação Patrimonial da EMEF Gina Franco

Ana Clara, estudante, compartilhou que o momento é interessante, por ser uma forma diferente de aprender sobre a história de São Cristóvão, de Sergipe e de outros lugares. “Quando conhecemos a história da nossa cidade, entendemos ainda mais que estamos conhecendo também nossa própria história, pois somos daqui e vivemos aqui. Assistir esses filmes é importante, participar de eventos fora da escola que nos transmitem e educação que é proposta dentro dela é unir o entretenimento e o conhecimento, é super bacana”. 

Ana Clara, estudante

O Arquivo em Cartaz é uma iniciativa que busca democratizar o acesso a filmes de arquivo e promover a reflexão sobre o papel do cinema na construção da memória nacional. Na sua programação aconteceu a exibição dos filmes  “São Cristóvão, SE” (1975);  “Laranjeiras, SE” (1999); “Afro: Das origens aos destinos” (2024), “Super Frente, Super-8” (2015); um bate-papo sobre a sessão, a preservação audiovisual e a continuidade de projetos cinematográficos no município; e, por fim, a apresentação Artístico-Cultural. 

Fotos: Inacio Prado 

Publicado por Érica Xavier
Fotos por Inacio Prado
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