Prefeitura realiza exposição sobre o sancristovense João Bebe Água

A Prefeitura de São Cristóvão, através da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Fumctur), promoveu exposição sobre a vida do sancristovense João Nepomuceno Borges, conhecido popularmente como João Bebe Água. Um homem do século XIX, cuja vida foi marcada pela luta contra a transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju, que ocorreu no dia 17 de março de 1855. A abertura da exposição aconteceu no Museu Histórico de Sergipe, na tarde desta terça-feira (15) e irá até o dia 15 de abril.
A exposição surgiu a partir de pesquisa realizada para a conclusão do curso de mestrado da bibliotecária da Fumctur, Rafaela Pereira Santos, que, junto aos estagiários de museologia e biblioteconomia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), reuniu documentos seculares que mostram relatos que se contrapõem à ideia enraizada na sociedade, de que João Nepomuceno Borges seria um alcoólatra inveterado, quando na verdade foi um patriota que lutou aguerridamente pela cidade natal. O período escolhido para a exposição se deve ao aniversário da mudança da capital, em março, o que coincide com o mês de aniversário do museu, que completou 62 anos no último dia 05.

O apelido João Bebe Água, que dá nome a uma rua da cidade e a rodovia que liga o município à capital, deve-se ao fato de muitos ainda o associarem a boatos referentes ao seu famigerado gosto por bebidas alcoólicas, porém, ele teve uma história para além destas associações. Na cidade ele exerceu cargos que exigiam grandes responsabilidades, como escrivão, juiz de paz, membro da irmandade dos homens pardos, local onde desenvolveu diversas atividades, inclusive a de tesoureiro e presidente da confraria.

Para Rafaela, nada mais justo do que nós, sancristovenses, conhecermos o passado deste filho ilustre e assim desmistificarmos as incoerências em torno da sua história. “A partir da descoberta de que ele foi um grande homem da igreja católica do século XIX, especificamente da Igreja do Amparo dos Homens Pardos, vi que não parecia coerente darem tamanha confiança a alguém que fosse de encontro aos princípios religiosos”, afirmou.

“João Bebe Água apenas entendia que São Cristóvão era uma cidade já fundada, com prédios, documentos e tinha toda uma estrutura que não cabia perder o título de capital. Na visão dele, o município tinha possibilidade de abarcar as questões econômicas sem sofrer danos e esse foi o seu motivo de luta. Quem encabeçou a mudança da capital utilizou a falta de potencial econômico como desculpa para mudar a capital, porém nós tínhamos tudo”, explicou a bibliotecária.
Estiveram presentes na palestra de abertura os alunos do Colégio Estadual Deputado Elísio Carmelo, que ouviram atentamente as palavras da bibliotecária e do prefeito, Marcos Santana, um antigo admirador de João Bebe Água, em quem se inspira na paixão e na luta por uma cidade melhor. “A história sempre foi contada pelo viés dos vencedores, por isso é tão importante irmos às pesquisas, nos embasarmos em provas documentais e só assim, concluírmos que a história não aconteceu como dizem. Importante conhecermos a história dele para nos apaixonarmos, para nos espelharmos em sua luta pela cidade e são inúmeros os motivos pelos quais devemos lutar e um deles é pela possibilidade de vivermos bem no município”.

A palavra que resumiu a fala do prefeito foi orgulho. “Precisamos louvar a luta desse cidadão, que lutou pela cidade como nenhum outro fez, após 1855. Precisamos nos orgulhar desse nosso conterrâneo e nunca esquecer que a partir do conhecimento histórico e científico, nunca mais devemos aceitar que se refiram a João Bebe Água como uma personagem folclórica, associada a um louco. Ele não se deixou vencer, continuou e lutou até a morte à maneira dele, para que essa cidade continuasse sendo a capital de Sergipe”, disse o gestor.

Para Paola Santana, presidenta da Fumctur, essa exposição foi abraçada pela prefeitura por entender a importância de João Bebe Água no município e para fazer uma reparação histórica. “Nós reconhecemos a importância dele na luta pela defesa da cidade e enfatizamos o seu discurso sem a necessidade de resgatarmos a volta da capital para o município, até porque sabemos que isso não existe. O nosso papel hoje é contar esse lado da história, contextualizada por documentos reais, que não deixam dúvidas de que João Bebe Água merece ser enaltecido pelos sancristovenses, em decorrência da sua luta”, reforçou Paola.



Fotos: Dani Santos
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