10/12/2024

1ª Conferência Municipal do Meio Ambiente debate emergência climática em São Cristóvão

Nesta terça-feira (10), a Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), realizou a 1ª Conferência Municipal do Meio Ambiente, com o tema Emergência Climática: o desafio da transformação ecológica. O evento aconteceu no auditório da Didática VII da Universidade Federal de Sergipe (UFS), das 8h às 13h30, reunindo representantes da sociedade civil, do setor privado e do poder público para discutir estratégias de sustentabilidade e preservação ambiental.

Integrando a programação da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), o espaço possibilitou o diálogo em torno do enfrentamento dos desafios da emergência climática em São Cristóvão. Durante o evento, palestrantes e público debateram propostas para promover a transformação ecológica no município e assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações.

Além de contribuir para o fortalecimento da governança ambiental local, o evento teve como objetivo eleger delegados que representarão São Cristóvão na etapa estadual da CNMA. Essa participação amplia a possibilidade de o município influenciar políticas públicas em âmbito estadual e nacional, promovendo inovação e capacitando gestores e técnicos municipais.

A mobilização para a realização das conferências municipais foi incentivada pelo governo federal e por entidades como a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).

Para o prefeito Marcos Santana, a Conferência Municipal de Meio Ambiente marca o resultado de um trabalho iniciado há oito anos, com a criação da Secretaria de Meio Ambiente de São Cristóvão. Ele destacou a evolução da Semma, que deixou de compartilhar responsabilidades com a agricultura para se dedicar exclusivamente à proteção ambiental. Apesar dos desafios, a gestão avançou com concurso público para técnicos ambientais e iniciativas de fiscalização e licenciamento. O prefeito agradeceu à equipe da secretaria e reafirmou o compromisso com a sustentabilidade no município.

“Ações que antes não existiam estão sendo desenvolvidas e conduzidas pela secretaria, como a proteção, fiscalização e regulamentação das ações antrópicas – aquelas que o ser humano estabelece em seu dia a dia e em suas atividades econômicas. A vida acontece no município, e é aqui que precisamos agir”, frisou o gestor.

Marcos Santana, prefeito de São Cristóvão

Durante a conferência, a prefeitura lançou o primeiro inventário de gases de efeito estufa do município, uma ferramenta essencial para identificar e monitorar as emissões e formular estratégias de mitigação e adaptação. Janine Oliveira, secretária municipal de Meio Ambiente de São Cristóvão, destacou que o inventário fortalece o compromisso de São Cristóvão com a sustentabilidade e o bem-estar das futuras gerações, além de contribuir para políticas públicas que promovam o uso responsável dos recursos naturais.

“Hoje, estamos enfrentando os desafios das mudanças climáticas. Por isso, lançamos o primeiro inventário de gases de efeito estufa de São Cristóvão, uma ferramenta essencial para monitorar as emissões e planejar estratégias eficazes de mitigação e adaptação. Esse inventário fortalece nosso compromisso com a sustentabilidade e o bem-estar das futuras gerações, ajudando a construir um futuro mais equilibrado”, afirmou a secretária.

Janine Oliveira, secretária municipal de Meio Ambiente de São Cristóvão

Abertura e palestras

A conferência foi iniciada com o dispositivo de abertura composto pelo prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana; pela secretária de Meio Ambiente, Janine Oliveira; assim como o secretário de infraestrutura e prefeito eleito, Júlio Júnior; o vice-reitor da UFS, Rosalvo Ferreira Santos; a representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Ádria Ribeiro; e o superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em Sergipe, Cássio dos Santos.

Na ocasião, o superintendente do Ibama pontuou que a educação ambiental deve ser um instrumento de resolução de conflitos e conscientização, assim como deve abordar o debate necessário para dar visibilidade a populações marginalizadas, como quilombolas, povos indígenas e comunidades da Reforma Agrária. São essas as populações que serão mais afetadas pela mudança climática. Precisamos discutir políticas públicas para essas pessoas, pois, caso contrário, não estaremos fazendo nada efetivo.

“O que precisamos entender é o que as autoridades públicas brasileiras devem fazer para ajustar nossa agenda às demandas populares, sindicais, dos professores, das comunidades quilombolas, das mulheres. Quero destacar o trabalho importantíssimo das mulheres de São Cristóvão, que têm se dedicado a cuidar dos manguezais. Por isso, sabemos que a próxima revolução ambiental será feminina, negra, indígena ou não será”, defendeu Cássio dos Santos.

Cássio dos Santos, superintendente do Ibama em Sergipe

Janaína Peres, chefe da Divisão de Licenciamento Ambiental da UFS, exemplificou as medidas que a instituição tem tomado para mitigar as mudanças climáticas: “Temos ações em redução de materiais pendentes, em redução de uso de papel, em redução de veículos, estimulando a questão das reuniões remotas, das viagens desnecessárias que podem acontecer à distância. Essas são ações que o município também pode utilizar para redução das emissões de gases e, consequentemente, melhoria dos problemas climáticos no nosso país”, explanou a pesquisadora.

Janaína Peres, chefe da Divisão de Licenciamento Ambiental da universidade/ Foto - Clara Dias.

Após o dispositivo, representando a Semac, Ádria Ribeiro apresentou os eixos temáticos da conferência e ressaltou a relevância do processo participativo para dialogar sobre questões ambientais, o que envolve ouvir as comunidades e dialogar para desenvolver políticas públicas eficazes e alinhadas às necessidades locais. Ádria também lembrou que essa conferência é parte de um ciclo maior, que inclui as etapas estadual e nacional.

“Essa é uma etapa fundamental no ciclo de conferências, que seguirá para os níveis estadual e nacional. É essencial que esse processo seja participativo, ouvindo as comunidades e promovendo diálogos que resultem em políticas públicas eficazes e realmente adaptadas à realidade local”, afirmou.

Ádria Ribeiro, representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Sergipe

Os cinco eixos de discussão determinados para o evento se concentraram em temas como mitigação, adaptação e preparação para desastres, justiça climática, transformação ecológica, governança e educação ambiental, que nortearam os trabalhos apresentados em seguida e, por fim, determinaram as escolhas dos delegados para as próximas etapas.

Controle social

A comunidade sancristovense e o controle social são essenciais para a construção de uma agenda coletiva de combate às mudanças climáticas. Por isso, o espaço da conferência surge como um lugar de reunião para esses pontos de vista, que agregam ao apontar necessidades e soluções diversas.

Jielza Correia, moradora do Acampamento de Reforma Agrária do povoado Cabrita, em São Cristóvão, e conselheira municipal do Meio Ambiente, reforçou que a escassez de água é um dos maiores impactos das mudanças climáticas na sua comunidade, causada principalmente pelo desmatamento e pela degradação dos rios e mananciais. Ela apontou que a falta de água traz graves consequências, como o comprometimento da produção de alimentos e o aumento da fome, enfatizando a urgência de ações de reflorestamento e preservação dos recursos hídricos.

“A gestão nos deu espaço para participar ativamente do controle social, algo essencial para uma democracia verdadeira. Hoje, somos conselheiros de meio ambiente, segurança alimentar e assistência social, contribuindo diretamente para decisões importantes. Nesta primeira Conferência Municipal do Meio Ambiente, temos a oportunidade de trazer propostas que priorizem a justiça climática, a igualdade e o futuro das próximas gerações. É um momento histórico para São Cristóvão, e somos gratos por participar e contribuir para um planeta melhor”, concluiu.

Jielza Correia, moradora do Acampamento de Reforma Agrária do povoado Cabrita 

Fotos: Heitor Xavier

Publicado por Clara Dias
Fotos por Heitor Xavier
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