Uso de Equipamentos de Proteção Individual garante segurança e potencializa o trabalho das marisqueiras de São Cristóvão

Com os pés e as mãos nas águas e os sonhos nas mesas de tantos moradores de São Cristóvão, as marisqueiras da Cidade Mãe de Sergipe têm trabalhado com mais segurança e cuidado desde que receberam da prefeitura seus Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Desde janeiro, quando foram entregues 100 kits desses itens, a lida com os mariscos se tornou mais protegida do sol, do contato prolongado com a água e dos objetos cortantes presentes na rotina dessas mulheres.
Os materiais garantidos pela prefeitura incluíram um chapéu safari, um par de luvas anti-corte, uma camisa de mangas compridas com fator de proteção solar 50, uma calça legging e um par de sapatilhas de neoprene aquáticas para cada beneficiada. Foram contempladas residentes dos povoados Arame 2, Rita Cacete, Colônia Miranda, Caipe Novo, Caipe Velho e Enseada. No entanto, já no momento da entrega, o prefeito Júlio Nascimento prometeu agregar todas as marisqueiras no projeto, solicitando a compra de mais 900 kits.

Com o traje e as proteções, mulheres como Zilva Gleide, moradora do povoado Arame 2, passaram a trabalhar com menos incidentes e mais satisfação, o que impulsionou ainda mais sua atuação. “Antes, a gente trabalhava descalça, o solado ficava na maré, os pés eram cortados pelos mariscos", contou a marisqueira, que trabalha nos manguezais desde os 12 anos de idade.
Hoje, mesmo com dores nas costas e menos frequência na catação, não consegue se ver longe do trabalho. "Agora, com o sapato apropriado, a gente fica protegida da lama, do sol e desses cortes. As luvas também ajudam muito, porque evitam machucados com as ostras e os cascalhos. Foi muito bom mesmo, eu amei”, comemorou.

Os avanços na estruturação e valorização do trabalho das marisqueiras têm sido um esforço constante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Semdet), que promove continuamente o apoio, a capacitação e a formalização do exercício dessas profissionais. Segundo Elaine de Jesus, diretora de Aquicultura em São Cristóvão, a Semdet visa assegurar a segurança e a saúde das trabalhadoras durante suas atividades.
“Os EPIs são fundamentais para protegê-las contra acidentes e riscos à saúde, como quedas, cortes, exposição a produtos químicos, radiação solar, entre outros. Por possuir uma grande população de mulheres marisqueiras, São Cristóvão se tornou pioneira nesse projeto, acolhendo, transformando e empoderando diversas mulheres”, afirmou a diretora, que segue com a finalização de novos cadastros de marisqueiras e pescadores para a entrega da segunda remessa de equipamentos de proteção.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Josenito Oliveira, completou que, além de uma questão de segurança e saúde, a distribuição de EPIs para as marisqueiras é uma questão de respeito com a comunidade, pois, sem a devida proteção, elas podem adoecer, se machucar e colocar em risco o sustento da família.
“Os EPIs ajudam a prevenir acidentes, doenças de pele, infecções e até problemas nas articulações, que são muito comuns nessa atividade econômica. Mais do que isso, receber esses equipamentos é um reconhecimento do trabalho como profissional, como parte da economia local, na geração de trabalho e renda, e da cultura do nosso município. É garantir dignidade e valorização para quem sempre sustentou a comunidade com as próprias mãos, muitas vezes invisibilizada. Então, quando a gente fala de EPIs, a gente está falando também de direitos e de cidadania”, reforçou o secretário.

Para o prefeito de São Cristóvão, Júlio Nascimento, o pioneirismo na entrega dos EPIs no estado é motivo de orgulho e o resultado da consistência do trabalho da gestão. “A existência das marisqueiras como força ativa na nossa cidade mostra que estamos priorizando a saúde e o bem-estar da população. Seguiremos trabalhando para que esse avanço alcance ainda mais pessoas, porque é isso que o povo de São Cristóvão merece e terá”, garantiu o gestor.

Maria Cristiani Barreto, moradora do povoado Colônia Miranda, ressaltou que gostou muito dos novos EPIs, pois são mais resistentes do que as formas caseiras com que se protegia anteriormente. “Antes, a calça que a gente usava rasgava na lama com facilidade, o sapato deixava a gente na mão, e muitas vezes a gente usava até a perna da calça como proteção. Agora não, esse novo equipamento nos dá mais segurança mesmo”, comparou.
A marisqueira, que acompanhava os pais na maré desde os 15 anos de idade, tira seu sustento das águas há 20 anos e lembra de ter se ferido diversas vezes no processo, seja se queimando com a panela de mariscos fervendo ou se cortando com os cascalhos dos mangues. Hoje aos 43, Maria Cristiani acredita que esses pequenos acidentes fazem parte da rotina, mas, com a devida segurança, sente ainda mais orgulho de sua profissão.

“Eu nunca tive vergonha de dizer que sou marisqueira, mas hoje eu tenho ainda mais orgulho. É dali que tiro meu sustento, que cuido da minha filha e do meu marido. É do meu trabalho que mantemos nossa casa. Eu tenho muito orgulho de ser marisqueira!”, celebrou.
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