14/04/2025

Uso de Equipamentos de Proteção Individual garante segurança e potencializa o trabalho das marisqueiras de São Cristóvão

Com os pés e as mãos nas águas e os sonhos nas mesas de tantos moradores de São Cristóvão, as marisqueiras da Cidade Mãe de Sergipe têm trabalhado com mais segurança e cuidado desde que receberam da prefeitura seus Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Desde janeiro, quando foram entregues 100 kits desses itens, a lida com os mariscos se tornou mais protegida do sol, do contato prolongado com a água e dos objetos cortantes presentes na rotina dessas mulheres.

Os materiais garantidos pela prefeitura incluíram um chapéu safari, um par de luvas anti-corte, uma camisa de mangas compridas com fator de proteção solar 50, uma calça legging e um par de sapatilhas de neoprene aquáticas para cada beneficiada. Foram contempladas residentes dos povoados Arame 2, Rita Cacete, Colônia Miranda, Caipe Novo, Caipe Velho e Enseada. No entanto, já no momento da entrega, o prefeito Júlio Nascimento prometeu agregar todas as marisqueiras no projeto, solicitando a compra de mais 900 kits.

Foto - Dani Santos

Com o traje e as proteções, mulheres como Zilva Gleide, moradora do povoado Arame 2, passaram a trabalhar com menos incidentes e mais satisfação, o que impulsionou ainda mais sua atuação. “Antes, a gente trabalhava descalça, o solado ficava na maré, os pés eram cortados pelos mariscos", contou a marisqueira, que trabalha nos manguezais desde os 12 anos de idade. 

Foto - Heitor Xavier

Hoje, mesmo com dores nas costas e menos frequência na catação, não consegue se ver longe do trabalho. "Agora, com o sapato apropriado, a gente fica protegida da lama, do sol e desses cortes. As luvas também ajudam muito, porque evitam machucados com as ostras e os cascalhos. Foi muito bom mesmo, eu amei”, comemorou.

Zilva Gleide, marisqueira e moradora do povoado Arame 2/ Foto - Heitor Xavier

Os avanços na estruturação e valorização do trabalho das marisqueiras têm sido um esforço constante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Semdet), que promove continuamente o apoio, a capacitação e a formalização do exercício dessas profissionais. Segundo Elaine de Jesus, diretora de Aquicultura em São Cristóvão,  a Semdet visa assegurar a segurança e a saúde das trabalhadoras durante suas atividades.

“Os EPIs são fundamentais para protegê-las contra acidentes e riscos à saúde, como quedas, cortes, exposição a produtos químicos, radiação solar, entre outros. Por possuir uma grande população de mulheres marisqueiras, São Cristóvão se tornou pioneira nesse projeto, acolhendo, transformando e empoderando diversas mulheres”, afirmou a diretora, que segue com a finalização de novos cadastros de marisqueiras e pescadores para a entrega da segunda remessa de equipamentos de proteção.

Elaine de Jesus, diretora de Aquicultura em São Cristóvão/ Foto - Dani Santos

O secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Josenito Oliveira, completou que, além de uma questão de segurança e saúde, a distribuição de EPIs para as marisqueiras é uma questão de respeito com a comunidade, pois, sem a devida proteção, elas podem adoecer, se machucar e colocar em risco o sustento da família. 

“Os EPIs ajudam a prevenir acidentes, doenças de pele, infecções e até problemas nas articulações, que são muito comuns nessa atividade econômica. Mais do que isso, receber esses equipamentos é um reconhecimento do trabalho como profissional, como parte da economia local, na geração de trabalho e renda,  e da cultura do nosso município. É garantir dignidade e valorização para quem sempre sustentou a comunidade com as próprias mãos, muitas vezes invisibilizada. Então, quando a gente fala de EPIs, a gente está falando também de direitos e de cidadania”, reforçou o secretário. 

Josenito Oliveira, secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho/ Foto - Dani Santos

Para o prefeito de São Cristóvão, Júlio Nascimento, o pioneirismo na entrega dos EPIs no estado é motivo de orgulho e o resultado da consistência do trabalho da gestão. “A existência das marisqueiras como força ativa na nossa cidade mostra que estamos priorizando a saúde e o bem-estar da população. Seguiremos trabalhando para que esse avanço alcance ainda mais pessoas, porque é isso que o povo de São Cristóvão merece e terá”,  garantiu o gestor.

Júlio Nascimento, prefeito de São Cristóvão/ Foto - Heitor Xavier

Maria Cristiani Barreto, moradora do povoado Colônia Miranda, ressaltou que gostou muito dos novos EPIs, pois são mais resistentes do que as formas caseiras com que se protegia anteriormente. “Antes, a calça que a gente usava rasgava na lama com facilidade, o sapato deixava a gente na mão, e muitas vezes a gente usava até a perna da calça como proteção. Agora não, esse novo equipamento nos dá mais segurança mesmo”, comparou.

A marisqueira, que acompanhava os pais na maré desde os 15 anos de idade, tira seu sustento das águas há 20 anos e lembra de ter se ferido diversas vezes no processo, seja se queimando com a panela de mariscos fervendo ou se cortando com os cascalhos dos mangues. Hoje aos 43, Maria Cristiani acredita que esses pequenos acidentes fazem parte da rotina, mas, com a devida segurança, sente ainda mais orgulho de sua profissão.

Maria Cristiani Barreto, marisqueira e moradora do povoado Colônia Miranda/ Foto - Heitor Xavier

“Eu nunca tive vergonha de dizer que sou marisqueira, mas hoje eu tenho ainda mais orgulho. É dali que tiro meu sustento, que cuido da minha filha e do meu marido. É do meu trabalho que mantemos nossa casa. Eu tenho muito orgulho de ser marisqueira!”, celebrou.

Publicado por Clara Dias
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